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UMA LUTA DESIGUAL

19/05/2014 13:36

* Artigo de DANIEL BARROS

É ponto pacífico em nossa sociedade a evolução da criminalidade, como o surgimento do crime organizado na década de 70, que passou a disciplinar e sistematizar sua ação com a adoção de técnicas e tecnologia voltadas para o cometimento do crime. Seu organograma funcional nos surpreende quanto à hierarquia e funcionalidade, sem excesso de chefes como na polícia, pois cada membro desempenha uma função necessária em uma organização enxuta e com os cargos ocupados por méritos. Podemos ainda evidenciar os equipamentos utilizados: armamentos “importados” e de alto poder de fogo, e criação de centrais telefônicas que permitem aos líderes, mesmo presos, o comando da organização com facilidade. Contrapondo-se a essa organização criminosa, temos um Estado burocrático e corrupto. Com inúmeros entraves jurídicos, administrativos, legais e uma sociedade elitizada que se organizam em defesa do criminoso e não da vítima. Confundem a ação do Estado realizada no período do regime militar, contra os que combatiam o regime, com a atual que combate os criminosos comuns. Existem, evidentemente, vários fatores que contribuem para o aumento da criminalidade; dentre eles, destacam-se fatores econômicos, sociais e educacionais. Entretanto, neste momento vou me ater não a tais fatores, mas ao embate entre a polícia e o crime, combate esse extremamente desigual. Há muito que os criminosos lançam mão de armamentos superiores, em poder de fogo e em qualidade, ao utilizado por nós policiais. Enquanto usávamos revólveres, eles já tinham pistolas 9mm, .45 ACP semi-automáticas, fuzis automáticos AR 15, AK 47, armas com alto poder de impacto e grande autonomia de fogo. Paralelo a isso, usávamos os arcaicos .38 special e 380 automática com baixa capacidade e insignificante poder de parada. Façamos uma simples comparação entre tais calibres e vejamos a estúpida diferença – ver tabela comparativa.

CALIBRE

PROJÉTIL

VELOCIDADE

ENERGIA (joules)

.38 SPECIAL

EXPO

246 m/s

310

380 AUTO

EXPO

290 m/s

259

9 mm

EXPO

654 m/s

467

.45 ACP

EXPO

255 m/s

484

  Cabe relembrar que somente em 18 de outubro de 1996, em reunião do Conselho de Segurança Pública do Codesul, realizada em Novo Hamburgo/RS, é que foi encaminhada solicitação de liberação do calibre .40 S&W, para uso pelas forças policiais. Em 12 de novembro de 1996, o Exército publicou a Portaria n.º 205 – EME, aprovando o calibre para uso policial, e, pasmem, tão somente 18 anos depois foi regulamentado a aquisição por policiais dos calibres .45 e .357 – Portaria n.º 02/2014 – COLOG. Porém, de forma quase inacreditável, restringiu-se a compra apenas ao mercado nacional, e bem sabemos da qualidade duvidosa das armas nacionais. Existem nessa situação pontos a serem analisados: um deles é a restrição de compra exclusivamente de armas nacionais. Tal impedimento é como se o Ministério da Saúde proibisse a importação de equipamentos hospitalares e médicos, obrigando a utilização apenas de produtos nacionais, sob a alegação de reserva de mercado. Quando se trata de salvar vidas, a reserva de mercado deveria ficar em segundo plano. Um bom exemplo é a defesa que o Brasil fez junto a OMS, da quebra de patentes dos remédios utilizados no coquetel de tratamento da AIDS, oportunidade em que o Brasil quebrou dessa, priorizando a vida em detrimento do mercado. Na realidade, não acredito que a reserva de mercado seja de fato o motivo, pois, ao contrário, não seria livre a importação para o cidadão comum, como bem podemos observar as armas expostas para venda em lojas do ramo: GLOCKs, SMITH & WESSON, BERSAS, entre outras. Sendo ainda livre a importação para atiradores e colecionadores, o que nos parece uma contradição. Por um lado, o governo autoriza a compra para esportistas e ricos colecionadores, enquanto nós, que somos profissionais e que necessitamos das armas para defender nossas vidas, bem como a da sociedade, somos proibidos. A arma é um instrumento de trabalho para o policial, como é o bisturi, o estetoscópio, o desfibrilador para o médico: imagine se fossem proibidos de serem importados pela classe médica? Acredito firmemente que não é restringindo o armamento do policial que vamos contribuir no embate entre policiais e criminosos, mas é assim que pensam nossos “sábios” governantes e os senhores “especialistas” em segurança pública contratados pela impressa para dar-lhes a opinião desejada. Já está passando da hora de lutarmos para revertermos essas injustiças, pois bem sabemos os verdadeiros motivos para essa proibição, basta só observarmos aonde vão trabalhar parte de nossos generais depois de reformados. Nos países como EUA, Itália, Suíça, Israel, Portugal e Argentina o calibre há muito é livre para as forças policiais, assim como leis mais severas para quem atenta contra a vida de policiais. Coincidência ou não, a reação de criminosos à polícia é muito menor que os índices registrados no Brasil. Vale ressaltar que nós, policiais, somos treinados para prendermos e não para matarmos, e quando precisamos fazer uso da arma é para evitarmos a morte, seja nossa ou de outrem, e nesse momento é evidente que nosso armamento tem que ser eficiente. O poder de parada dos calibres de uso permitido, como podemos ver na tabela acima citada, é muito baixo, permitindo que mesmo ferido o criminoso possa ainda reagir e matar o policial, o que não significa que o bandido não venha a morrer posteriormente em decorrência dos ferimentos, contrariando, é claro, os falsos defensores dos direitos humanos, que sempre esquecem os policiais feridos e mortos, mas nunca os bandidos, considerados por eles como vítimas. Acreditam esses defensores que o a intenção do uso de calibres mais potentes vem do desejo de matar das forças policiais, uma ideia medíocre e, por que não dizer?, vil. Tendo conquistado a liberação dos calibres restritos, diga-se de passagem, sem a ajuda das gestões anteriores do Sinpol, a luta agora é pela liberação da importação, bem como a isenção de impostos, como acontece na compra de carros por taxistas. Afinal, nós somos o escudo da sociedade, onde o bem encontra o mal e para livrá-la desse terrível encontro, precisamos estar bem equipados.  

Orgulho de ser Policial!

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 * Daniel Barros, agente de polícia e escritor autor dos romances: O sorriso da cachorra, editora Thesaurus, Brasília 2011; Enterro sem defunto, romance, LER editora, Brasília 2013. Participa das coletâneas: Contos eróticos, editora APED, Rio de Janeiro, 2013; e de Enquanto a noite durar, contos sobrenaturais, editora APED, Rio de Janeiro 2013. É membro da Associação Nacional de Escritores – ANE.


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