Depois de dezenas de policiais visitados, o último encontro do “Sinpol em Casa” deste ano ocorreu na terça, 17. O homenageado da vez foi o agente de polícia aposentado Antônio Carlos Ribeiro Torres, que, junto com a família, recebeu a equipe do sindicato em seu apartamento em Águas Claras.
Torres, como era conhecido pelos colegas, trabalhou na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por quase trinta anos – sempre com muito orgulho. Por isso, a inclusão do nome dele na lista de policiais a serem visitados foi uma decisão fácil.
Para os diretores de Assuntos de Aposentados e Pensionistas do Sinpol-DF, José Carlos Saraiva e Sueli de Barros, a chance de homenagear alguém com tamanha história na instituição policial não poderia ser perdida.
“Nós ficamos muito felizes com cada oportunidade de reconhecer o trabalho dos policiais que nos antecederam, afinal foram vocês que construíram a base da nossa Polícia”, afirmou Sueli. “É uma grande honra estarmos aqui hoje. Nós só temos a agradecer”, acrescentou Saraiva.
As palavras foram ditas no momento em que os diretores, como de praxe, entregaram ao aposentado um broche e um certificado de agradecimento do Sinpol-DF, além de uma réplica em miniatura do novo modelo de viatura da PCDF.
Torres também ganhou um boné do sindicato e decidiu fazer o estilo “cana”, colocando um par de óculos escuros. O ato foi, na verdade, o disfarce perfeito para esconder as lágrimas, ainda que ele não tenha conseguido disfarçar a emoção. “Depois da morte do meu pai, essa foi a primeira vez que eu chorei”, acabou reconhecendo.
“Vocês não fazem ideia do quanto eu estou honrado com essa visita porque eu fui e sou um policial muito orgulhoso daquilo que fazia”, afirmou o agente aposentado, acrescentando que ainda tem muitas saudades daquele período. “Se me chamassem mais uma vez, eu ia novamente e pode ter certeza que eu dava conta”, brinca Torres.
TRAJETÓRIA
Como tomou posse ainda no início da década de 60, Antônio Carlos atuou na instituição desde quando ainda era Guarda Especial de Brasília (GEB). Passou pela alteração para o Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), e, enfim, após a separação que deu origem à Polícia Federal, escolheu a Polícia Civil do DF, onde permaneceu até se aposentar em 1991.
Nessas três décadas, Antônio Carlos atuou nas mais diversas áreas. Ele trabalhou diretamente com inúmeras autoridades – nos anos 60, quando o governo distrital ainda era a Prefeitura do Distrito Federal (PDF), fez a segurança do prefeito Plínio Reis de Cantanhede, por exemplo.
José Roberto Arruda, Paulo Octávio e Márcia Kubitschek foram mais alguns dos outros políticos com quem Torres trabalhou. Até hoje, ele guarda as fotos desse período e demonstra um carinho especial pela ex-deputada e filha do ex-presidente Juscelino – de quem tem a foto também no celular.
Ele passou ainda por várias unidades policiais, incluindo a 11ª Delegacia de Polícia (DP), no Núcleo Bandeirante; a 9ª, no Lago Norte; e a 15ª, em Ceilândia Centro. Os últimos anos antes de se aposentar foram na antiga Delegacia de Vigilância e Captura (DVC).
“Durante esse tempo, eu sempre tive um relacionamento muito bom com meus colegas. Nós tínhamos uma união sem igual”, recorda Torres. “Foram muitas missões, muitas prisões. Mas apesar de muito trabalho, eu não posso reclamar. Trabalhar na Polícia só me deu prazer”, garante o agente de polícia aposentado.
FAMÍLIA
Natural do município baiano de Casa Nova, localizado entre as cidades de Petrolina e Juazeiro, Antônio Carlos deixou o semiárido nordestino, ainda no fim da adolescência, para tentar a sorte em São Paulo. Seu primeiro trabalho foi como office boy de uma refinaria em Cubatão, no interior paulista.
Depois de servir ao Exército, por sugestão de um tio, acabou mudando novamente, dessa vez para a nova cidade de Brasília, onde acabou, de fato, construindo toda a vida. Aqui, ele se casou e teve dois filhos. Cada um deles deu a Torres também três netos – no total são seis, além de mais dois bisnetos.
Após se divorciar, Antônio Carlos casou-se novamente e há 31 anos está ao lado da esposa Milene, com quem teve outras duas filhas. Mariana e Karoline acompanharam a visita do Sinpol em Casa sem esconder o orgulho do pai. A mais nova, Karol, é psicóloga na Policlínica da PCDF e já se prepara para os próximos concursos, pois tem o sonho de seguir a carreira do pai.
A escolha não é à toa, afinal ela cresceu ouvindo as histórias e vendo o amor do pai pela Polícia Civil. “Se tem um policial que ama a instituição, sou eu. Não tem outra Polícia que se compare a nossa”, garante Torres.