Projetos desenvolvidos na ONG chegam a atender mais de 200 famílias do DF (Fotos: Arquivo Pessoal)

Da Comunicação Sinpol-DF

Para a agente de polícia Maria Leidismar Araújo, o trabalho em defesa da comunidade não cessou com a aposentadoria em 2014. Ela, que em 2012 já havia fundado com duas amigas a Associação Tudo Azul, passou a se dedicar à atividade filantrópica com mais afinco.

A ONG funciona em uma casa na área central do Gama (DF) e é especializada em atender crianças e adolescentes que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Autismo.

Desde 2017, quando assumiu a presidência da entidade, Leide Araújo – como a policial civil aposentada é conhecida entre os colegas de Polícia Civil – transformou-a em uma referência não só na localidade onde funciona, mas em todo o DF: atualmente, mais de 200 famílias que têm filhos autistas são atendidas.

Para isso, a Tudo Azul conta com oito terapeutas especializados e voluntários que atendem a um preço social – R$ 35 por consulta – nas áreas de Terapia Ocupacional, Psicologia e Fonoaudiologia. O trabalho é reforçado com a atuação de mais 50 universitários, também voluntários, das mais diversas faculdades de Brasília sob supervisão daquela equipe de especialistas.

Em sua trajetória da Polícia Civil, Leide foi lotada nas delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM), 33ª DP, em Santa Maria, e 20ª DP, no Gama, até se aposentar. “Ajudar ao próximo sempre foi uma característica intrínseca à minha personalidade. O meu valor de responsabilidade social foi formado, inicialmente, na Educação e se intensificou na Segurança Pública, com a PCDF”, diz. “Ambas as instituições formaram uma líder comunitária; formaram o caráter da mulher que sou”, completa a aposentada.

Leide, Giselle, fundadoras da ONG; inicialmente, entidade era um grupo de apoio e, depois, foi institucionalizada

MOTIVAÇÃO

A criação da Tudo Azul veio por uma experiência pessoal: em 2008, o filho caçula dela, Pedro, à época com dois anos, foi diagnosticado com TEA de nível três – o que é severo, segundo especialistas. “Quando a primeira crise psicótica dele aconteceu, fiquei desesperada. Depois da consulta, com o resultado do diagnóstico, mesmo sendo uma mãe experiente, senti-me rendida sobre um assunto que desconhecia e não sabia, ao certo, o que fazer”, recorda.

Conciliar a carreira policial e a vida pessoal em um momento frágil pareciam coisas distintas. O desamparo, no entanto, durou pouco: o apoio dos colegas de trabalho da 20ª DP, por onde Leide passou mais tempo na PCDF, foi fundamental. “Eles representaram uma segunda família em um momento que eu estava sem chão; motivaram-me e logo reergui forças para continuar firme”, destaca.

Enquanto pesquisava sobre o Autismo para se aprofundar no assunto, Leide buscou pais que também tinham filhos autistas na região. Foi quando ela conheceu Giselle de Sousa Freitas, mãe de dois filhos autistas, com quem logo criou vínculo e pôde, de mãe para mãe, esclarecer suas dúvidas.

Atividades da “Tudo Azul” têm o suporte de oito terapeutas especializados e mais 50 universitários

Em três anos de amizade, compartilhando e entendendo sobre as dificuldades pessoais de criar filhos com TEA, elas, juntamente com mais outra amiga, Elma Grazielle, decidiram criar um grupo de apoio para pais de filhos autistas, em 2012. “Foi assim que surgiu a Associação Tudo Azul: a princípio, éramos um grupo de amparo para as famílias. As reuniões aconteciam para compartilhar vivências e experiências, sempre com o intuito de ajudar uns aos outros no cotidiano”, sintetiza Leide.

Antes de ser presidida pela policial civil, a entidade funcionou como uma rede de apoio para pais e movimentou, também, ações para conscientizar e sensibilizar a causa. A Tudo Azul passou a existir, de fato, quando foi emitido o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Após isso, Leide alugou um imóvel e o transformou em um Centro de Atendimento Voluntário. De dezembro de 2017 até hoje, ela vem desenvolvendo uma série de projetos que potencializaram, ainda mais, os serviços de aproximar e educar a comunidade sobre o TEA.

“Saber que de alguma forma estamos ajudando a essas famílias a não passarem pelo o que passei, isso já é recompensador. É o que eu chamo de “cheques do coração”, pois não ganho um centavo com esse projeto – sempre estou investindo, na verdade”, explica. “Essa missão de ajudar o próximo é o que me motiva todos os dias a continuar; sinto-me mais feliz”, completa Leide.

Leide e os três filhos: Lucas, Pedro (o mais novo) e Mateus

PROJETOS

Com a alta demanda de famílias que buscam atendimento com a ONG, Leide e a diretoria decidiram estabelecer quatro projetos fixos para compor as atividades rotineiras na Associação Tudo Azul:

O principal, com mais demanda, é o “Atendimento Terapêutico”, que é desempenhado pelos oito profissionais de saúde que atendem a crianças desde que são diagnosticadas com TEA, até adolescentes com 16 anos de idade. Em média, são 200 famílias cadastradas no serviço clínico, que funciona de segunda a sexta, com valor fixo de R$ 35 por consulta (R$ 30 é repassado para o profissional e R$ 5 são para cobrir custos como aluguel, água e energia do local).

O “Monitoria Voluntária” é o projeto que abarca universitários de diversas faculdades de Brasília, principalmente das áreas de humanas, para realizar trabalho de monitoria com os pacientes da Tudo Azul. Para isso, eles são treinados e supervisionados pelos especialistas da ONG. Cerca de 50 jovens passam anualmente pelo projeto e recebem, ao encerramento da turma, um certificado de horas complementares que também pode ser incluído em curriculum profissional.

Desde 2012, o projeto “Família em Foco” ocorre todo último sábado de cada mês, com palestras de psicólogos, neuropediatras, fonoaudiólogos e professores – todos voluntários – que envolvem o universo da TEA. Inicialmente, essas atividades eram voltadas apenas aos pais de crianças e adolescentes diagnosticados com o autismo; desde que Leide passou a ser presidente, contudo, elas foram expandidas para toda a comunidade e, hoje, cada sessão reúne até 100 pessoas.

Já o projeto “Pais Fortes e Unidos” tem o objetivo de orientar os pais dos pacientes com alguma dificuldade que surja no cotidiano. Os encontros são realizados em grupo ou individualmente, com orientações dos especialistas da saúde que trabalham na Tudo Azul.

SERVIÇO

A Associação Tudo Azul funciona de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 20h. Aos sábados, das 8h às 11h. Para entrar em contato com a ONG, o telefone é o (61) 98578-8237. Você também pode acompanhar a instituição pelo Instagram (clique aqui) e pelo Facebook (clique aqui).

 

 

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