Da Comunicação Sinpol-DF
Empossado no último dia 1º como secretário de Administração Penitenciária do Ceará, o policial civil do Distrito Federal Luís Mauro Albuquerque tem um longo histórico de luta contra o crime organizado. Como resultado, as facções criminosas, dentro e fora dos presídios, neste primeiro momento, têm reagido violentamente à sua nomeação.
Dezenas de ataques foram registrados nos últimos dias. Isso ocorreu, sobretudo, após declarações públicas em que Mauro anunciou uma administração mais dura do sistema penitenciário cearense.
O agente policial de custódia brasiliense afirmou, por exemplo, que não reconhecia facções criminosas e prometeu o fim da separação de presos por facções dentro dos presídios. A implementação de rotinas rigorosas de inspeção é outro motivo para o desagradado dos criminosos com o novo secretário – mais de 400 celulares já foram apreendidos desde o início da gestão.
ATUAÇÃO
Esse estilo “linha dura” também gerou reações semelhantes no Rio Grande do Norte, quando, em maio de 2017, Luís Mauro assumiu o comando do sistema penitenciário potiguar. Algumas semanas depois, a situação nas ruas foi controlada e as mudanças estabelecidas pelo policial civil redesenharam toda a estrutura de poder nos presídios, que voltaram ao controle do Estado.
Apesar do convite feito pela governadora Fátima Bezerra (PT) para que ele permanecesse no Rio Grande do Norte, Mauro abraçou o novo desafio, que veio com o convite do governador cearense, Camilo Santana (PT). “Lá, a situação já está controlada”, afirma o policial civil. “Então, eu decidi vir para o Ceará porque enxerguei como uma oportunidade de ampliar ainda mais o combate ao crime organizado”, justifica.
Mostrando que é possível fazer diferente, Luís Mauro pontua que um dos grandes objetivos desse trabalho “é dar mais condições de execução da pena”. Segundo ele, “com organização e, sobretudo, respeito aos procedimentos, é possível, inclusive, ampliar os serviços de assistência à saúde, assistência jurídica e assistência religiosa dentro dos presídios”.
Ainda que o rigor quanto ao cumprimento das normas, mesmo que aliado ao respeito à dignidade do preso, tenha gerado a revolta do crime organizado cearense, Luís Mauro afirma que esse é um caminho sem volta. “A reação é medo de perder espaço, mas nós não trabalhamos com faz de conta e os procedimentos devem e serão respeitados”, anuncia.
HISTÓRICO
Outros dois policiais civis do DF também integram o primeiro escalão da Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará – os agentes policiais de custódia aposentados Carlos Justino de Mello e Aloisio Simões Martins. Junto com Mauro, eles desenvolveram a doutrina de rotinas carcerárias adotada pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Mauro também esteve à frente da Força Tarefa de Intervenção Prisional (FTIP), do Ministério da Justiça, liderando as ações que garantiram à retomada do presídio de Alcaçuz (Município de Nísia Floresta – RN) – até então dominado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Além disso, ele coordenou uma série de outras intervenções em estados Espírito Santo, Rio de Janeiro, Piauí, Minas Gerais e o próprio Ceará – para o controle de rebeliões em grandes complexos penitenciários e desenvolvendo, ainda, um trabalho de capacitação dos servidores locais com foco no domínio adequado dessas instalações.
Para o Sinpol-DF, o trabalho de destaque desenvolvido por Luís Mauro por mais de duas décadas na PCDF e em todo o Brasil, como especialista em Segurança Pública, gestão prisional e gerenciamento de crises, é motivo de orgulho para toda a categoria e mais um exemplo da grande capacidade técnica dos policiais civis do DF.