Do Metrópoles
Chamado para conter a violência e a ação de facções criminosas no Ceará, o novo Secretário de Administração Penitenciária do estado, Luis Mauro Albuquerque, é agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) há mais de 20 anos.
O brasiliense, de 50 anos, ficou nacionalmente conhecido por sua atuação na retomada do controle da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, após dezenas de mortes, em 2016.
O anúncio, nos primeiros dias do ano, de que Albuquerque iria comandar as unidades prisionais cearenses causou reações violentas em todo a região. Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro, ele afirmou que os presídios não seriam mais divididos por facções e a entrada de celulares seria fiscalizada com rigor.
Em resposta, foram incendiados ônibus, prédios públicos, agências bancárias e comércios em mais de 100 ataques em 30 cidades.
Pichações condicionaram o fim das atividades criminosas à exoneração do brasiliense do governo do Ceará. “Não vamos parar até o secretário sair. Fora, secretário Mauro Albuquerque”, dizia uma das mensagens.
Nessa segunda-feira (7/1), mulheres de presidiários bloquearam, com cartazes pedindo a demissão do policial, um trecho da BR-116 em frente ao maior complexo penitenciário do estado.
Homens da Força Nacional começaram a chegar ao Ceará na última sexta (4), mas os ataques continuam. Na madrugada dessa segunda-feira (7), bandidos incendiaram uma ambulância e metralharam a Câmara de Vereadores da cidade de Icó, no interior.
No comando, Albuquerque determinou um pente-fino em todas as unidades prisionais do Ceará. O objetivo é retirar televisões, rádios e qualquer meio de comunicação que possa facilitar a informação aos presos sobre as ações realizadas para cessar a onda de crimes.
Já foram apreendidos mais de 400 celulares nos presídios e 103 suspeitos de participação nos ataques foram presos. Além disso, mais de 200 detentos foram autuados por desacato, motim, dano ao patrimônio e incitação ao crime.
PERFIL
Nascido em Sobradinho, Albuquerque é agente policial de custódia da PCDF há 22 anos. Entre 2000 e 2015, ele comandou a Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE).
O agente desenvolveu uma doutrina de intervenção em unidades prisionais e ministrou cursos em diversos estados e até mesmo fora do país.
À frente da Força-Tarefa de Intervenção Prisional (FTIP), do Ministério da Justiça, o brasiliense liderou as ações no presídio de Alcaçuz, na cidade de Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte. Uma rebelião no local, no início de 2017, deixou 26 mortos.