18.08.17 Sinpol em casa: Alexandre Briones

Da Comunicação Sinpol-DF

Dando continuidade ao projeto “Sinpol em Casa”, o Sindicato promoveu, na tarde da última quinta, 17, um grande momento de reencontro entre os ex-colegas e amigos do agente de polícia aposentado Alexandre Briones Borges.

À frente da iniciativa, a Diretoria de Assuntos de Aposentados e Pensionistas do Sinpol-DF organizou uma surpresa para o policial que, há quase seis anos, foi vítima de um crime que marcou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Em dezembro de 2011, Briones tentou intervir para evitar um assalto em uma loja de celulares e foi alvejado com um tiro na cabeça. Na época, o caso repercutiu intensamente na imprensa local e gerou uma grande comoção entre os policiais civis, que temiam, mas já tinham como quase certa a morte do colega.

“Quando me ligaram, o que me disseram foi que ele tinha morrido”, relembra a esposa de Alexandre, Valmeci Linhares – tamanha era a gravidade da situação. Com o tiro, ele perdeu parte do cérebro e chegou a ser desenganado pelos médicos.

A expectativa era de que, se não viesse a óbito, o policial ficaria em estado vegetativo. No entanto, dias depois do incidente e logo após o Natal, ele pegou a todos de surpresa, ainda na Unidade De Terapia Intensiva (UTI), com um “bom dia, doutora” – uma das primeiras manifestações das melhoras que estavam por vir.

A evolução no quadro foi lenta e as sequelas intensas, mas, com muita luta, ele é, hoje, um milagroso exemplo de superação dos desafios. Grande parte dos avanços foram possíveis também graças ao cuidado, perseverança e dedicação exclusiva da esposa, que chegou a largar o emprego para cuidar do marido.

ESPERANÇA

Val, como é conhecida pelos amigos, desde o início, não aceitou o prognóstico médico e tinha certeza de que – em suas palavras – “ele ainda ia dar muito trabalho”.

Mesmo depois de receber alta hospitalar, “o Alexandre passou um tempo sem conseguir falar direito, sem conseguir reter novas memórias, sem reconhecer a própria casa”, conta Val.

“Ele chegou a receber uma medalha de honra do governador, mas, logo depois, também passou um tempo em depressão, porque sabia que aquela homenagem não ia trazer de volta a saúde como era antes”, revela.

Valmeci, no entanto, não aceitava desestímulos. “Lars Grael não tem uma perna e anda. Stevie Wonder não enxerga e faz show no mundo todo. Levanta!” protestava para tentar mantê-lo em movimento.

“Todos nós ficamos impressionados com a força de vontade da Val e a esperança que demonstrava em todos os momentos”, ressalta Lucimar de Oliveira, um dos ex-colegas do policial civil visitado, destacando ainda como ela também empreendeu grandes esforços para que todos os recursos necessários estivessem à disposição de Alexandre.

As lutas não eram apenas dentro de casa. A aposentadoria do policial, por exemplo, só foi autorizada depois de um ano e dois meses do crime que o vitimou, apesar da gravidade das sequelas.

PROGRESSO

Briones ficou quase um ano sem parte do crânio, o que exigia extrema cautela mesmo com as atividades mais simples do dia-a-dia. Atualmente, ele usa uma prótese na cabeça, que nem chega a ser percebida. É uma situação bem diferente de quando estava hospitalizado.

“Pelo próprio aspecto visual dava para perceber que a situação era muito séria. Era um quadro péssimo e não restava muita esperança de que ele fosse sobreviver”, ressalta Lucimar. “A primeira vez que eu o vi no hospital, eu não aguentei. Eu desmoronei mesmo”, recorda o também agente de polícia aposentado que, por anos, foi colega na antiga Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações (DRPI).

Diante de um quadro tão negativo, como forma de fazer algo por ele, os policiais à época, se dedicaram intensamente à investigação do crime. “Várias delegacias se mobilizaram no sentido de prender os autores e a gente conseguiu identificar e prender todos eles em muito pouco tempo”, conta a delegada Rosana Gonsalves, hoje aposentada, que foi chefe de Briones.

“Era o mínimo que a gente podia fazer por ele e pela família, e era que todo mundo achava que devia, pois ele sempre foi um cara da equipe e um policial exemplar”, pontua Rosana. “Ele estava presente em tudo, era uma presença muito boa e um grande amigo”, conclui lembrando que são características que ele mantém até hoje.

Foram muitas sessões de fisioterapia cerebral e neuro-estimulação, além de muitos sustos, com retornos ao hospital, no meio da madrugada, por conta de convulsões.

A locomoção e o equilíbrio ficaram comprometidos, mas seja com auxílio de outras pessoas, com um andador ou uma scooter, Alexandre mantém uma vida ativa. Ir ao banco, ao supermercado ou ao shopping são algumas das atividades que, apesar de comuns para tantas pessoas, representam uma grande vitória para alguém que esteve tão perto da morte.

Ele também perdeu a visão direita e conta somente 25% da esquerda, mas continua indo a shows, ao cinema, além de ser um usuário ativo do WhatsApp, onde mantém o contato constante com os colegas da Polícia Civil.

Foi pelo aplicativo de conversas que o grupo de policiais mais próximos de Alexandre, principalmente, da época da DRPI, organizou-se para a visita da última quinta. Entre amigos, diretores do Sindicato e voluntários do Sinpol-DF, cerca de 18 policiais participaram da surpresa.

HOMENAGEM

Recepcionado pelos colegas cantando a música “Amigo”, de Roberto Carlos, a chegada de Alexandre foi um momento de grande emoção para todos. “A melhor coisa que eu levei da Polícia Civil foi a amizade com vocês”, agradeceu.

“Eu sei que você teve perdas. Mas, em horas assim, a gente vê que a vida compensa. Olha só quantos amigos seus fizeram questão de estar aqui hoje”, comentou a diretoria de Assuntos de Aposentados e Pensionista-adjunta, Sueli de Barros. “Eu tive a honra de trabalhar com essa mesma equipe e a amizade que eles demonstravam a você me fez passar a te admirar e, mesmo antes de te conhecer, considera-lo meu amigo”, acrescentou.

De José Carlos Saraiva, diretor da mesma pasta, Alexandre recebeu um certificado do Sinpol-DF em homenagem aos anos de serviço prestado à população brasiliense. Também foi entregue ao policial um broche da entidade e uma réplica em miniatura de uma viatura da PCDF. “Eu gosto muito de receber os amigos e ver todo esse pessoal aqui foi uma emoção enorme”, finaliza Alexandre.

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