Da Comunicação Sinpol-DF
Dirigentes do Sinpol-DF e policiais civis lotados na 13ª Delegacia de Polícia (DP), em Sobradinho I, reuniram-se na tarde desta terça, 18, para discutir as condições de trabalho na unidade.
Na semana passada, um homem que foi preso em flagrante nessa DP se enforcou dentro da cela, tirando a própria vida. O caso vem tendo grande repercussão na imprensa.
Participaram da reunião o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco “Gaúcho”, o vice-presidente, Paulo Roberto, e os diretores Jackson Dantas (Assuntos Sindicais-adjunto), José Carlos Saraiva (Assuntos de Aposentados e Pensionistas) e Alex Galvão (Benefícios, Cultura, Esportes e Políticas Sociais-adjunto).
Acompanhados pelo advogado Asdrubal Neto, do escritório Tramotini Advocacia, eles levaram esclarecimentos e respaldo aos policiais civis que trabalhavam no horário daquele fato, oferecendo, sobretudo, toda a assistência jurídica que for necessária.
ASSISTÊNCIA
Essa foi a segunda oportunidade em que o Sinpol-DF esteve na unidade. Ainda no dia da morte do preso, o diretor Alex Galvão esteve na 13ª DP para prestar assistência à equipe do plantão – a mesma que participou do encontro desta terça.
“Nossa função como sindicato é defender a categoria. Estamos aqui para prestar apoio e defendê-los”, assegurou Gaúcho.
Adrubal informou que já está acompanhando a apuração do caso e imediatamente se colocou à disposição dos policiais filiados.
Segundo ele, apesar da cobertura que a imprensa fez do fato, sugerindo que houve negligência, “está claro que os policiais civis seguiram as recomendações normativas da Polícia Civil do DF (PCDF) e do Ministério Público”. Portanto, estão em conformidade com a lei.
Os diretores criticaram a maneira como a PCDF vem lidando com a questão, sem fazer qualquer defesa à instituição ou ao trabalho dos policiais civis. Foi frisado ainda que diante de toda a conjuntura que cerca o trabalho na 13ª DP, é necessário reforçar as péssimas condições de trabalho no local, principalmente o plantão, que funciona como uma central de flagrantes (Ceflag), portanto sobrecarregada de trabalho, ainda por cima com uma escala desumana de 24 horas.
“Só há uma cela, que não é fácil de ser vista por quem está no plantão. Naquele dia havia muito movimento na delegacia e uma equipe reduzida. É uma situação que não se pode evitar; somos vítimas das circunstâncias”, afirmou o vice-presidente Paulo Roberto.
SOBERCARGA
Durante a conversa, os policiais civis trouxeram inúmeras queixas sobre a rotina de trabalho na unidade.
“Nós estamos sobrecarregados. Estamos sendo responsabilizados por tudo o que aconteceu, mas nós não temos estrutura para vigiar os presos; nem é nossa prerrogativa ou atribuição. Não temos nada que nos resguarde desse tipo de situação”, relatou um dos policiais da equipe.
“O sentimento de toda equipe é de termos feito tudo dentro da lei. Faltou uma defesa da instituição. Nós trabalhamos além do limite por pensar no coletivo, mas quando surge a necessidade não há ajuda da instituição ou defesa”, acrescentou um segundo policial da 13ª DP.
“A situação desta delegacia tem prejudicado as investigações. Nós funcionamos como uma Central de Flagrantes, mas só temos o ônus que isso traz. O que vivemos aqui é só a “ponta do iceberg”. Precisamos de mudanças na estrutura de funcionamento dessa delegacia e na escala de horários”, frisou um terceiro policial civil da equipe.
Outros policiais ainda relataram que após o ocorrido com o preso, passaram a receber ligações telefônicas, na delegacia, com ofensas e acusações – que vieram, também, por meio de postagens nas mídias sociais.
DEFESA
Gaúcho lembrou que muitos dos pontos abordados já foram encaminhados à direção-geral da PCDF desde a primeira gestão da diretoria, mas passados três anos nada avançou. Portanto, a omissão da Direção Geral também influenciou para esse incidente. A situação é a mesma com as reivindicações para a normatização dos trabalhos nas unidades.
“A falta dessas normas prejudica não só os policiais civis, na rotina do trabalho, mas os presos e o cidadão que procura a delegacia para registrar uma ocorrência. Nós já denunciamos, já fizemos mobilizações, mas a direção da Polícia fechou as portas para o sindicato há meses”, afirmou.
“Temos cobrado diariamente nesses mais de três anos. Nada do que solicitamos de melhoria foi atendido. Quando não temos as condições ideais, o risco que é inerente à nossa profissão se potencializa”, acrescentou o presidente do Sinpol-DF.
Ele ressaltou, contudo, que diante desse entrave, novamente o sindicato irá procurar a direção da polícia visando a melhoria de condições aos servidores. A diretoria também recorrerá a outros órgãos denunciando a situação da unidade.