Da Comunicação Sinpol-DF
A situação de desmantelamento que vivem as Polícias Civis de todo o Brasil poderá ser discutida na Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara Federal em uma audiência pública específica para essa finalidade.
O debate foi defendido pelo policial civil do DF Alexandre Rocha, diretor de Políticas Sindicais-adjunto do Sinpol-DF, em uma audiência realizada na última quarta, 26, na própria CLP (assista no vídeo acima).
A reunião foi realizada para coletar demandas da sociedade civil e inseri-las na agenda da Comissão durante todo o ano de 2017. Alexandre representou o Sinpol-DF que, junto a outras entidades da sociedade civil organizada, apresentou a discussão sobre as polícias civis como uma dessas demandas à CLP.
Ao abordar o assunto, Alexandre frisou que discutir a situação das polícias, entre elas a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), é fundamental para impedir o avanço da violência.
“Esse processo de desmantelamento não é específico de uma ou outra unidade, mas de forma geral. Se essas polícias são responsáveis pela investigação policial, e se elas estão sendo desmanteladas, é provável que esse número de homicídios e de outros crimes continue crescendo”, explicou o diretor do Sinpol-DF.
Para ilustrar o que disse, Alexandre mencionou que, atualmente, quase 60 mil pessoas são vítimas de violência por ano no Brasil. A taxa de resolução desses crimes, contudo, não passa de 10% na maioria dos estados – o DF, apesar de toda a crise que vive na Segurança Pública, apresenta a maior taxa do país: 45% dos crimes são solucionados, mas essa taxa já chegou a 81%.
Mudar esse cenário, segundo o diretor do sindicato defendeu, depende de uma reforma nas polícias civis de todo o Brasil – sobretudo, na desburocratização delas.
“Nós temos polícias civis que foram formatadas há quase um século e permanecem a mesma coisa em termos de cargos, pois possuem estruturas hierarquizadas, absolutamente burocráticas e sem buscar um sentido na sua finalidade institucional que seria prever a segurança por meio de investigação qualificada. A investigação policial, embora não seja prevenção direta, é prevenção de forma indireta soluciona e impede que diversos outros crimes ocorram”, frisou.
O debate é necessário, ainda, porque representará a salvação das polícias civis “desse processo de desmantelamento não só no DF, mas em todo o Brasil”. “O impacto disso não será apenas nas polícias, mas em toda a sociedade onde o crime continuará ocorrendo e fazendo muitas vítimas”, assegurou Alexandre Rocha.
Depois da manifestação do diretor do Sinpol-DF, o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) propôs que o Sinpol-DF encaminhe um ofício à Comissão solicitando uma audiência específica na CLP para realizar esse debate. “Nessa sua exposição se enquadram vários estados”, afirmou o deputado. “Temos que discutir esse problema com representantes de homens e mulheres dessas polícias, convidando autoridades específicas. É bom que isso venha do sindicato”, sugeriu o parlamentar.
A presidente da Comissão, deputada Flávia Morais (PDT-RJ) sinalizou que acolherá o debate.
Para a diretoria do Sinpol-DF, esse debate, quando realizado, marcará um importante passo para colocar dentro do Congresso Nacional o debate acerca das polícias civis.