Policiais civis, federais, rodoviários federais, legislativos e demais servidores da Segurança Pública reuniram-se em assembleia unificada da União dos Policiais do Brasil (UPB) na tarde da última quarta,15, em Brasília.
Esse foi o segundo ato de manifestação contrária à Reforma da Previdência (PEC 287/16). O evento ocorreu simultaneamente em 25 estados durante todo o dia, convocado pelas 31 entidades de classe que integram a UPB.
Em Brasília, a assembleia foi realizada em frente ao Congresso Nacional na parte da tarde; cerca de 500 policiais compareceram – a maior parte desse público era de policiais civis do DF, que atenderam à convocação do Sinpol-DF para o ato.
O grupo deliberou por uma paralisação nacional caso o governo não acate as emendas que preservam direitos constitucionais das categorias da Segurança Pública no relatório da comissão especial que analisa a PEC 287/2016 – essa deliberação será seguida pelas entidades de todo o Brasil.
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Durante a assembleia realizada na capital federal, centenas de cruzes foram fincadas no gramado do Congresso simbolizando os policiais mortos em combate. Dois grandes caixões faziam alusão à morte da aposentadoria policial, caso a Reforma da Previdência seja aprovada como está.
Nos discursos, os dirigentes das entidades que integram a UPB defenderam a manutenção dos direitos adquiridos pelos profissionais da Segurança Pública como condição para que o sistema não entre em colapso.
A Reforma da Previdência desconsidera as especificidades da atividade policial, sobretudo o fato de desempenharem atividade de risco e a expectativa de vida desses trabalhadores – que é bem menor do que a média dos demais cidadãos brasileiros.
MORTALIDADE
“É estarrecedor que em 2016 a mortalidade de policiais no Brasil seja a maior do mundo. Se já havia a necessidade de se trabalhar nesse aspecto antes da PEC, agora isso é urgente. O governo se aliena para a realidade de cada servidor. Não tem como aceitar o que está sendo imposto”, frisou a segunda vice-presidente do Sinpol-DF, Marcele Alcântara, que representou a diretoria do Sindicato na manifestação.
Marcele destacou, ainda, que a Reforma da Previdência “é perversa porque não atinge só o servidor da ativa: ela acaba com a integralidade e a paridade”, assim atingindo também os policiais aposentados.
Para a dirigente do Sinpol-DF, se aprovada como está a PEC decretará a desconstrução da Segurança Pública do País. “Ninguém estará mais seguro, nem o servidor e nem as famílias. Precisamos dar um basta não só pela aposentadoria ou pela sobrevivência enquanto servidor da ativa, mas pelas nossas famílias”, afirmou Marcele.
O presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), Janio Gandra, informou que a UPB voltará a solicitar uma agenda com o presidente Michel Temer para discutir a Reforma da Previdência.
“O Brasil é o país onde mais se mata policiais no mundo. As entidades que compõem a UPB têm buscado diálogo com o governo federal desde o ano passado, mas sem sucesso. Vamos encaminhar um ofício ao presidente Michel Temer informando que caso as emendas em favor dos policiais não sejam acatadas, haverá paralisações em todo o Brasil”, disse.
A presidente da Associação Nacional das Mulheres Policiais do Brasil (Ampol), Creusa Camelier, convocou todas as categorias a lutar pela manutenção dos direitos adquiridos até aqui.
“Nós temos conquistas e direitos que jamais poderiam ser tirados sem discutir com a nossa categoria. Nós não podemos deixar que isso aconteça. Este governo está desrespeitando a polícia judiciária, que tem dado uma resposta à sociedade. Temos que nos unir”, pontuou Creusa.