Da Comunicação Sinpol-DF
Em um ato considerado histórico, os policiais civis do Distrito Federal colocaram à disposição cerca de setecentos cargos de chefia da estrutura da Polícia Civil do DF (PCDF). A medida é uma resposta ao Governo do Distrito Federal (GDF) pela recusa em enviar a mensagem que garante a recomposição salarial da categoria, mantendo a isonomia com a Polícia Federal (PF).
A entrega dos cargos foi formalizada na tarde desta terça, 16, após uma assembleia convocada pelo Sindicado dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) que reuniu mais de cinco mil pessoas no estacionamento do prédio da Direção Geral da PCDF.
Agentes e Escrivães de Polícia, Agentes Policiais de Custódia, Peritos em Papiloscopia, Peritos Criminais, Médicos Legistas e Delegados deram uma prova de união e força, demonstrando que vão continuar firmes com o objetivo de garantir a manutenção da paridade histórica e, sobretudo, legal, com a PF.
“Existia uma relação de confiança com esse governo que foi quebrada. O governador virou as costas para a nossa categoria e para a sociedade. Estão nos humilhando. Temos que entregar esses cargos em nome da nossa dignidade”, conclamou o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco “Gaúcho”.
A entrega das chefias terá impacto direto nas investigações. Os cargos colocados à disposição envolvem as delegacias circunscricionais e especializadas, os institutos de Identificação (II), de Criminalística (IC) e Médico Legal (IML), além do Departamento de Atividades Especiais (Depate), Departamento de Polícia Circunscricional (DPC) e Departamento de Polícia Especializada (DPE).
Dos mil cargos, 700 estão na categoria de base do Sinpol-DF e 300 na base do Sindepo-DF. “A Polícia está acéfala”, definiu Gaúcho. “Vamos continuar realizando apenas o registro das ocorrências, pois não podemos deixar o governo continuar maquiando os números da criminalidade”, afirmou o presidente do Sinpol-DF.
MOVIMENTO
O ato realizado hoje intensifica o movimento iniciado pela categoria em 4 de julho, com a deflagração da operação “PCDF Legal” – que será expandida nos próximos dias, conforme deliberado pelos policiais na assembleia desta terça.
Nesta quinta, 18, ocorrerá uma nova assembleia na Praça do Buriti, às 14h. Até lá, as entidades representativas vão pressionar a Direção Geral da PCDF para confirmar as exonerações, com publicação no Diário Oficial.
Uma greve ainda não está descartada. “O governo não consegue refutar nenhum dos nossos argumentos. Nós temos direito à isonomia. É uma questão de justiça e respeito. Somos uma categoria comprometida com o nosso trabalho. Em outras oportunidades, deixamos de receber um reajuste porque a PF não ia receber. E, hoje, que a PF está prestes a receber. Nós não podemos ficar alijados desse processo. Vamos continuar nessa luta”, acrescentou o secretário geral do Sinpol-DF, Paulo Sousa.
CÂMARA LEGISLATIVA
Presentes à assembleia, os deputados distritais Wasny de Roure (PT), Cláudio Abrantes (Rede), Wellington Luiz (PMDB), Bispo Renato (PR) e Raimundo Ribeiro (PPS) endossaram o apoio dos parlamentares para o pleito dos policiais civis.
Wasny elogiou a entrega das chefias e a unidade da categoria pela manutenção da isonomia. “A capacidade de enfrentamento é determinante nesse momento. A conquista se dará na luta e não no favor. A pressão que vocês vão exercer sobre o governo é crucial. O GDF não está preocupado com a Polícia, pois tem os recursos. Essa é uma questão de planejamento; de bom senso. É deplorável que o governo tenha reunido por várias vezes e não avance. É muito mais um capricho do que um reconhecimento do que é o direito de vocês”, afirmou o deputado.
Bispo Renato também incentivou a categoria a permanecer motivada, pois o movimento “é justo e legal”. “Direito não se discute; cumpre-se. O governador virou as costas para vocês e esse é um erro do qual ele vai se arrepender. Se ele tiver bom senso, vai chamá-los para negociação. Essa entrega das chefias mostra que vocês estão atrás da valorização e não de míseros trocado”, pontuou.
Raimundo Ribeiro reiterou que a Câmara Legislativa do DF (CLDF) apoia a categoria. Ele disse que a Casa está à disposição da categoria porque os deputados distritais reconhecem que os policiais civis “proporcionam a tranquilidade de que a população de Brasília precisa”. “O Fundo está sendo usado para outras coisas e para ser desculpa para não conceder o direito de vocês. Acima de tudo, é uma luta por respeito pela categoria e isso vale mais por qualquer cargo”, frisou o distrital.
O deputado Wellington Luiz conclamou os policiais a seguirem lutando e cobrou uma posição do diretor geral da PCDF, Eric Seba. “Essa é a grande oportunidade de ele ser tarimbado como um dos grandes diretores da Polícia Civil. É assim que todos os policiais querem. É dessa forma que se mostra unidade. O governo está desrespeitando uma categoria de luta. Nós não vamos ceder”, vaticinou.
Ele parabenizou a diretoria do Sindicato por ter estimulado a união da categoria em torno do pleito da isonomia. “Esse ato e mais que simbólico, é moral e de união. Vai demonstrar a força da Polícia para esse governo. Essa luta vai ser lembrada. Esse ato de hoje vai ficar marcado na história de luta do sindicato, assim como foi o “tirotaço””, acrescentou Wellington.
DIREÇÃO GERAL
A cobrança por um posicionamento claro de Eric Seba também deu o tom das manifestações dos policiais civis que tomaram a palavra na assembleia. Grande parte cobrou que caso a mensagem não seja enviada, que ele também entregue o cargo. Muitos defenderam, ainda, que caso ele tome essa decisão a categoria não aceite nenhum substituto até que o pleito seja atendido.
“Esperamos que o diretor entregue o cargo se não houver a mensagem com a isonomia. Ele tem que fazer isso pela categoria”, sugeriu Paulo Sousa, secretário geral do Sinpol-DF.
“Fazemos um apelo ao diretor geral para que ele cumpra com o dever de líder maior da polícia. Nós estamos esperando isso. A Polícia Civil é muito maior que o cargo de diretor geral. Os policiais civis são muito maiores que o cargo do governador”, acrescentou o diretor de Administração e Planejamento do sindicato, Marcos Campos.
Com o fim da assembleia, os cinco mil policiais acompanharam a entrega formal dos cargos. O ato foi acompanhado pelo deputado federal Laerte Bessa (PR-DF). Em caminhada, o grupo foi até a entrada do prédio da Direção Geral onde o presidente do Sinpol-DF, acompanhado pelos presidentes do Sindepo, Asbrapp, AAPC, ABPC, ABRML, AAPC e Agepol, entregou todos os termos de pedido de exoneração assinados na Diretoria de Gestão de Pessoal (DGP) da PCDF.
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