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Manifestação contra o baixo efetivo ocorreu em frente ao Palácio do Buriti (Fotos: Paulo Cabral/Sinpol-DF)

“Delegacia nova? Não há policiais nem para as que já existem”; “Delegacia fantasma? Não temos efetivo!”; “Delegacia sem efetivo: crimes sem solução”. Essas foram algumas das mensagens expostas, na manhã desta quinta-feira, 21, nas diversas faixas espalhas pela Praça do Buriti, em Brasília.

O recado era claro: não há efetivo, hoje, na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para dar sentido à criação de novas unidades. Por isso, o Sindicado dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) convocou uma manifestação concomitante à solenidade de assinatura do decreto que criou uma Delegacia Especializada de Combate à Intolerância Religiosa.

Antes do início da cerimônia, os policiais entregaram panfletos às pessoas que se dirigiam ao Palácio do Buriti, explicando o porquê da mobilização. A fim de deixar claro o respeito da categoria àquele momento, também foram distribuídas rosas brancas aos integrantes dos movimentos ligados às religiões de matriz africana que, há anos, lutam pelos seus direitos.

“Nós não temos o propósito de desconstruir a luta secular dos movimentos sociais e, sobretudo, das religiões de matriz africana. Mas viemos sim cobrar do governador Rodrigo Rollemberg a devida atenção para a Segurança Pública e especialmente para a Polícia Civil, que enfrenta hoje uma verdadeira crise em razão do baixo efetivo”, explicou Gaúcho.

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Presidente do sindicato deixou claro o respeito ao movimento afrobrasileiro

CONTRADIÇÃO

Os policiais destacaram a necessidade de que o amparo à população atendida pela nova delegacia não se restrinja apenas ao papel. Foi lembrado, por exemplo, que, desde 2014, já existe na PCDF uma coordenação criada para reprimir os crimes contra minorias e pessoas em situação de vulnerabilidade, e, no entanto, apenas um policial está lotado na unidade.

“De nada valem prédios vazios, delegacias sem profissionais ou viaturas sem policiais, pois não há repressão ao crime sem recursos humanos. Estamos protestando porque queremos uma Segurança Pública eficiente”, ressaltou o presidente do Sinpol-DF.

Veja o vídeo da TV Sinpol-DF:

Paulo Roberto, secretário geral do sindicato, destacou, por sua vez, que o Governo de Brasília tem se valido apenas das dificuldades orçamentárias para se isentar da culpa pelos problemas que se agravam.

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Após o evento do GDF, os policiais e aprovados no último concurso se concentraram em frente ao Palácio

Ele não pode e usar o argumento da LRF na área da segurança pública, tendo em vista que o Fundo Constitucional não impacta aquela lei de responsabilidade.

“O próprio Tribunal de Contas do DF já se pronunciou quanto a necessidade de priorização dos recursos para áreas como a segurança”, lembrou. “Mas, enquanto nós continuamos sendo negligenciados pelo governo, a criminalidade tem avançado em todo o Distrito Federal, inclusive em locais tradicionalmente mais seguros”, acrescentou Paulo.

NOMEAÇÃO

Além do governador, deputados e representantes da sociedade civil organizada, o diretor Geral da PCDF, Eric Seba, também participou da solenidade de criação da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência.

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Com entrega de rosas brancas, Sinpol-DF manifestou respeito à luta dos movimentos sociais

Em seu discurso, no entanto, o diretor geral não reconheceu os problemas vivenciados e apontados por toda a categoria, deixando clara, mais uma vez, a indiferença com a qual vem tratando as reivindicações. “Essa delegacia, ao contrário do que se tem dito, não vai impactar na Polícia Civil. Podem ter certeza e confiança de que ela dará a resposta”, declarou.

Já Rollemberg aproveitou a oportunidade para anunciar a convocação de parte dos aprovados no concurso de 2014. Segundo o governador, serão nomeados 20 escrivães e cem agentes de polícia e até o fim de fevereiro.

“Estamos avaliando como está avançando o orçamento e a nossa arrecadação para, nas próximas semanas, apresentar um cronograma de contratação de novos profissionais da segurança pública”, comunicou também.

DIÁLOGO

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Nomeação dos 120 anunciada pelo governador é aquém das necessidades da Polícia Civil do DF

O anúncio, porém, não encantou os policiais civis e os aprovados que anseiam, há quase dois anos, pelas nomeações. “As promessas de calendário já foram feitas diversas vezes”, lembrou José Moraes, representante da comissão de aprovados.

Ele ressaltou também que o total anunciado está muito aquém das necessidades. “São 67 escrivães e 358 agentes de polícia aguardando a convocação para contribuir com a redução de um déficit que, na verdade, é muito maior”, diz Moraes.

“Ainda que todas as nomeações pendentes sejam feitas, só será coberto parte do total de policiais recentemente aposentados. É um total muito distante da quantidade de cargos vagos na Polícia Civil do DF, que, hoje, ultrapassada os quatro mil”, observou Gaúcho.

“Precisamos de um diálogo mais aberto entre o governador a Direção Geral, com o sindicato para que possamos construir um caminho que sedimente melhorias de trabalho e salariais para os policiais civis, que estão há 6 anos sem uma recomposição salarial e com um efetivo menor que o do ano de 1993. Mesmo que todos os policiais sejam nomeados em um só momento, o quadro de pessoal continuará inferior ao do ano citado” concluiu o presidente do Sinpol-DF.

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