Diante da inércia do Governo do Distrito Federal (GDF), que continua ignorando as reivindicações dos policiais civis, a categoria tem se mobilizado para intensificar a adesão ao movimento grevista.
A greve, iniciada às 8h da última terça-feira, dia 1º de setembro, continua por tempo indeterminado. E o pedido do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) é que todos permaneçam firmes até que o governo atenda satisfatoriamente aos pleitos apresentados.
Na 33ª Delegacia de Polícia (DP), localizada em Santa Maria, os profissionais têm se revezado na entrada da unidade informando a população, durante todo o dia, sobre interrupção do atendimento.
“A equipe da 33ª é coesa e está bastante motivada”, afirma o agente de polícia Gustavo de Andrade. Ele conta que foi estabelecida uma escala das 8h às 23h, com as seções se dividindo para blindar o plantão. “Todos nós sabemos o quanto é importante estarmos unidos nessa luta”, acrescenta.
Os policiais civis da 20ª DP, no Gama Oeste, também têm se organizado a fim de garantir o funcionamento do movimento. “Nós não estamos na porta da delegacia apenas para impedir que as pessoas cheguem ao balcão, mas também para explicar por que estamos em greve”, observa o agente de polícia Edilson Oliveira.
“A gente tem atuado com o propósito de sensibilizar, para que as pessoas que nos buscam compreendam que o movimento é justo e os nossos problemas são sérios”, explica Edilson. “O governo está com as costas viradas para Polícia Civil”, desabafa a agente de polícia Neiva Pereira, também lotada na 20ª DP.
PROMESSA
O principal motivo de revolta dos policias tem sido a ausência de um posicionamento do governo quanto à garantia da isonomia histórica entre a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Polícia Federal.
“Nós estamos enfrentando um dos piores momentos da nossa história e o GDF está se fazendo de morto”, ressalta o agente de polícia Thiago Rivera, da 1ª DP, na Asa Sul. “O que a gente cobra é que o governador cumpra a sua palavra, afinal a isonomia foi um compromisso de campanha que ele firmou com os policiais civis durante a sabatina no ano passado”, lembra.
A cobrança também é pela recuperação das perdas inflacionárias e pelo realinhamento salarial. Segundo o agente de polícia aposentado Marcelo Soares, que tem contribuído com o piquete da 3ª DP, no Cruzeiro, “toda a categoria tem sofrido bastante com a estagnação dos salários”.
“O custo de vida só tem aumentado, mas nós estamos há anos sem reajuste. É por isso que o endividamento só vem crescendo entre os policiais civis”, assegura Marcelo.
O policial Alturando Batista, aposentado há dois meses, tem voltado à 14ª DP, localizada na região central do Gama, por reconhecer que aposentados têm um papel importante na luta pelos direitos de toda a categoria.
“A gente conhece a realidade da PCDF e as condições de trabalho dos nossos colegas, por isso não podemos ficar de fora do campo de batalha. Sem contar que a questão salarial afeta tanto a quem está na ativa quanto aos aposentados e pensionistas. Todos têm responsabilidade de estar na linha de frente”, afirma Alturando.
CONDIÇÕES
“Nós não cobramos somente que o governador cumpra o que prometeu em campanha, mas precisamos de forma urgente da ampliação do efetivo. Sem pessoal, a gente trabalha dobrado e nem sempre a contento, já que estamos sobrecarregados”, observa o escrivão Allan de Aquino, da 33ª.
“Além do absurdo que é essa falta de respostas do governo, nós também estamos empenhados com a greve porque, todos os dias, temos que enfrentar uma série de problemas em função do baixo efetivo e da precariedade das instalações em praticamente todas as DPs”, pontua agente Armando Cardoso, lotado na 2ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte.
O agente de polícia Geraldo Gonçalves, da 14ª DP, por exemplo, lembra que, há 20 anos, cerca de oito pessoas atuavam no plantão. “Hoje, os plantões acontecem só com três ou quatro. Isso sobrecarrega toda a equipe e representa um grande risco para quem fica na delegacia, principalmente quando alguns dos policiais têm que sair para diligência”.
Esse é o mesmo argumento de Manuel Ferraz, agente de polícia da 3ª DP. “Quantos policiais estão aí de atestado médico? E quantos foram afastados de certas atividades por questões de saúde e principalmente problemas mentais? A atividade policial é extremamente estressante e com as condições que temos hoje isso só piora”.
A agente Denise Guimarães observa que a 1ª DP, onde trabalha, é uma das oito delegais do Distrito Federal que são Centrais de Flagrantes (Ceflag) e por isso é bastante movimentada. “A gente costuma registrar cerca de 50 ocorrências por dia e muitas vezes só há dois policiais fazendo o atendimento no balcão”, revela.
“A população nos cobra muito e o governo tem que cumprir a sua responsabilidade, nos dando as condições de realizar um bom atendimento”, acrescenta Denise. “Temos que permanecer mobilizados, mostrando ao GDF a nossa insatisfação e nossa força. Essa situação não pode continuar”, conclama.
JUNTOS SOMOS FORTES!