O dia foi repleto de homenagens ao agente de polícia Carlos Eugênio Silva, carinhosamente conhecido como Dentinho. Desde as primeiras horas da manhã desta quinta, 9, quando o corpo dele chegou dos Estados Unidos, os policiais estavam mobilizados em dar o adeus ao grande amigo cuja vida foi interrompida de maneira abrupta e trágica.
Dentinho morreu após um acidente ocorrido no dia 2 de julho durante os Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros no estado americano de Virgínia.
As homenagens começaram ainda em terras americanas: no cortejo do corpo para o aeroporto, realizado na última quarta, 8, Carlos Eugênio recebeu todas as honrarias de um policial americano.
O trajeto foi percorrido por mais de 200 motocicletas policiais e dezenas de viaturas de todas as forças de segurança dos EUA.
Ao chegar em Brasília, na manhã desta quinta, não foi diferente: um cortejo formado por mais de 80 ciclistas amigos de Dentinho, além de dezenas de viaturas de diversas divisões da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e de outras forças de Segurança Pública, como a Força Nacional, o Batalhão da Guarda Presidencial, o Detran, a Polícia Civil de Goiás, a Polícia Rodoviária Federal, o Corpo de Bombeiros do DF, a Polícia Militar do DF e a Diretoria Penitenciária de Operações Especiais prestaram as honras ao amigo.
O comboio, acompanhado pelo helicóptero da Polícia Civil, transportou o caixão até o Complexo da PCDF. Ele foi velado das 11h às 15h, sendo que as duas primeiras horas foram reservadas à família e amigos mais íntimos.
Quando a cerimônia foi aberta a todos, milhares de policiais passaram para prestar as últimas homenagens e confortar os amigos mais próximos, ainda inconsoláveis.
“Durante anos convivemos com o Dentinho, sujeito fantástico, alegre, agregador, amigo, pai da Letícia, operador, policial, combatente, triatleta, pessoa de caráter fantástico. Não podemos nos deixar abater. As nossas homenagens correrão o mundo. Devemos estar com o olhar altivo, onipotente, nobre, olhar de um vitorioso ao cruzar a linha de chegada, orgulhoso de fazer parte desta família. Confesso que escrevo estas linhas com os olhos lacrimejando pela perda de um colega”, escreveu em uma rede social Paulo Cavalhere, amigo de Carlos Eugênio e colega de trabalho na Divisão de Operações Especiais da PCDF (DOE).
Às 15h, foi iniciado o cortejo até o cemitério Campo da Esperança. Ao som de aplausos, sirenes e sob uma chuva de pétalas, o agente de polícia teve mais uma vez exaltada a sua memória e lembranças do amigo, pai, filho, irmão e atleta tão querido por todos.
Tanto na chegada do corpo para o velório, quando no caminho para o cemitério, os policiais empunharam as bandeiras brasileira e americana, em sinal de respeito e agradecimento à homenagem prestada pelo Governo, Polícias e o povo do dos Estados Unidos.
A chegada ao cemitério ocorreu com tiros disparados pela guarda fúnebre formada por policiais da DOE. Antes do sepultamento, os colegas entoaram o Hino do Policial Civil e, mais uma vez, aplaudiram o amigo. O último discurso foi feito por um professor de Dentinho.
“Nunca te acovardastes ante o perigo. Nunca duvidaste da Justiça. Foste um chefe magnânimo, um pai compreensivo. Grande para nós é a tua perda. Quem com as tuas qualidades de líder para te substituir? Quem com a tua experiência para nos guiar? Permaneceremos, porém, fiéis à tua memória a ser a nossa bússola na luta pelo bem-estar da nossa querida Brasília, do nosso querido ciclismo e da nossa querida Polícia Civil”.
RECONHECIMENTO
Para Rodrigo Franco, o Gaúcho, presidente do Sindicato dos Polciais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), “apesar de todas as honras terem acontecido, é necessário que a Secretaria de Segurança ou, no mínimo, a Polícia Civil do DF torne essas homenagens um padrão”.
“Um policial dedica sua vida pessoal e profissional para proteger o cidadão, a sociedade. Quando perdemos um policial, a população perde um guardião. Esse é o sentimento dos povos civilizados. Precisamos mudar o tratamento e a cultura de nossos agradecimentos aos policiais e isso começa internamente”, acrescenta Gaúcho.
“O Sinpol irá oficiar todas as entidade que participaram e mandaram condolências em razão da perda de nosso amigo Dentinho. Além disso, já estamos fazendo uma placa agradecendo ao Governo e ao povo americano pelo carinho e atenção que tiveram com o Carlos Eugênio e toda delegação da PCDF em solo americano”, informa o presidente do sindicato.
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