Noventa e nove policiais civis integraram o grupo de 200 atletas do Distrito Federal que participaram da 16ª edição dos Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros, o World Police and Fire Games (WPFG).
A competição ocorreu de 26 de junho a 5 de julho na cidade de Fairfax, no estado da Virginia, Estados Unidos. Nessa edição, cerca de 10 mil participantes – profissionais de segurança pública de várias partes do mundo – disputaram títulos em mais de 45 modalidades.
Os brasileiros voltaram para casa com 178 medalhas, sendo 58 de ouro, deixando o país classificado no 5º lugar geral.
Embora tenham tido um excelente desempenho, os atletas que representaram a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) enfrentaram certa dificuldade para garantir a participação nas provas.
Eles realizaram por conta própria as seletivas locais e custearam do próprio bolso a viagem, a hospedagem e a alimentação. O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) patrocinou o agasalho que identificava as equipes.
MEDALHAS
A agente de polícia aposentada Dinorá Maria Vilela, 52, participou das provas de corrida de orientação e atletismo. Segundo ela, os Jogos mostraram o alto nível dos policiais do Brasil, que foram muito bem recebidos em terras americanas.
“As pessoas prestigiavam as provas e nos receberam como muito carinho”, relata Dinorá, que também elogiou a estrutura do evento.
Outra participante, a agente de polícia Anuska Marcos Pereira, 43, conseguiu quatro medalhas na natação: duas de prata nos 50 e 100 metros costas, e duas de bronze, uma no revezamento 4×400 e outra nos 400 metros livre.
Agora, Anuska coleciona nove medalhas, contabilizadas as vitórias nas outras edições dos Jogos.
Essa edição dos Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros foi, ainda, a primeira em que houve participação de uma equipe masculina de natação da PCDF.
Lucas A. V., 26, agente de polícia, ficou em primeiro lugar nos 50 metros costas livre, trazendo um ouro para casa.
Integrante da equipe feminina da mesma modalidade, Fernanda Espíndola Leal, 30, perita criminal, conquistou medalha de prata nos 100 metros borboleta e de bronze, junto com Anuska, no revezamento 4×500 livre. No total, a natação da PCDF ganhou sete medalhas para o Brasil.
Rosimar Rochael, 48, papiloscopista, foi premiada com medalha de prata nos 10km de corrida e com um bronze no revezamento 4×400. Já Dinorá, que nunca havia concorrido a nível mundial, faturou medalha de ouro na modalidade “Sprint” da corrida de orientação. Ela e sua equipe, por sua vez, trouxeram oito medalhas para Brasília.
DENTINHO
Em meio às provas e demonstrações de superação, a delegação brasileira foi surpreendida pela morte trágica e abrupta de um dos colegas atletas. No dia 2 julho, Carlos Eugênio Silva, o Dentinho, morreu depois de sofrer um grave acidente enquanto participava de sua primeira prova, no ciclismo.
Dentinho era policial civil em Brasília e dedicava sua vida à comunidade do DF.
Amiga de Dentinho, Rosimar não conseguiu participar da prova de revezamento, que aconteceu um dia após o acidente, porque estava muito abalada. Os dois haviam treinado juntos para a prova, da qual Dentinho também participaria.
Para ela, o tratamento dado pelos americanos mostra como os policiais são respeitados naquele país. “Lá os policiais são valorizados. O Dentinho recebeu todas as honras de um policial americano”, menciona.
Anuska concorda que a atitude da polícia americana com Dentinho causou conforto e apoio em um momento de dor.
“A cidade inteira teve conhecimento da morte do nosso colega e os moradores davam os pêsames para os policiais da delegação do Brasil. Ele teve tratamento de herói. Tiveram o cuidado de se responsabilizar pelo translado do corpo de volta ao Brasil, e providenciaram uma missa com tradução simultânea para o português”, conta a agente de polícia.
FALTA DE APOIO
Toda a mobilização para a participação nos Jogos ocorreu por iniciativa dos próprios policiais. Eles começaram a se organizar por grupos de whatsapp.
Diretor de cultura e esportes do Sinpol-DF, Marcelo Ferreira explica que quando acionado pela delegação, o sindicato fez o que pode para auxiliar os atletas e decidiu fornecer o agasalho de identificação da delegação de Brasília.
“Doamos o agasalho porque vimos que essa ia ser uma boa forma de colaborar com todos de forma igualitária, e a despeito do pouco tempo que tivemos para tomar alguma providência”, explica Marcelo.
O diretor de Esportes destaca, ainda, que a Polícia Civil deveria ter dispensado apoio institucional e financeiro para os atletas que representavam não só a PCDF, mas também o Distrito Federal e o Brasil na competição.
Para ele, a Polícia Civil do DF precisa se preparar para a próxima edição dos Jogos, em Montreal, no ano de 2017. O World Police and Fire Games (WPFG) acontece a cada dois anos e é considerado o maior evento esportivo depois das Olimpíadas e dos Jogos Pan-americanos.
“A diretoria da PCDF já tinha orçamento determinado quando chegou, por isso não conseguiu fazer nada além de conceder a licença [para os policiais que participaram dos Jogos]. Agora, precisa se organizar para apoiá-los daqui a dois anos”, ressalta.
JUNTOS SOMOS FORTES!