Audiência discute reconhecimento dos papiloscopistas como peritos

A noite da última segunda, 15, foi dedicada a discutir os novos rumos da Perícia Papiloscópica no Distrito Federal. Para isso, houve uma audiência na Câmara Legislativa do DF (CLDF), proposta pelo deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), na qual foram discutidos os avanços alcançados nos últimos 20 anos e o nível de complexidade atingido peles peritos papiloscopistas nos dias atuais, dos pontos de vista da Polícia Técnica do DF, acadêmico e internacional.

A sessão foi acompanhada pela diretoria do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), representada pelo presidente, Rodrigo Franco, o Gaúcho, pela primeira secretária Celma Lima, que é papiloscopista, além do Diretor do Sinpol e também presidente da Associação Brasiliense de Peritos Papiloscopistas (Asbrapp), Rodrigo Menezes e da Conselheira Fiscal Madalena Reis.

Ao falar à plateia, Gaúcho destacou a importância dessa atividade para as investigações conduzidas pela Polícia Civil. Ele disse que passou a ter dois entendimentos sobre esses profissionais.

“Enquanto agente de polícia, eu ia aos papiloscopistas para que me dessem a respostas à pergunta “Quem?”, que cerca os crimes. E sempre, ou quase sempre, obtive respostas. Depois, ao ir para o Sinpol-DF, meu entendimento é de que eles não são reconhecidos e nem valorizados pelo excelente trabalho que realizam”, assegurou.

O presidente do Sinpol-DF mencionou a importância do reconhecimento dos papiloscopistas como peritos oficiais. Essa é, hoje, a principal bandeira de luta da categoria. “Eles têm tudo para isso. Ninguém, dentro ou fora da polícia, faz o que os peritos papiloscopistas fazem”, acrescentou.

Para Gaúcho, tanto o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, quanto o diretor-geral da PCDF, Eric Seba, têm nas mãos a oportunidade de entrar para a história caso tomem essa decisão. “É aqui nesta casa e no Poder Executivo que se pode fazer isso. É o que os peritos papiloscopistas esperam”.

PERITOS DE FATO E DIREITO

A tônica do pronunciamento de Gaúcho já havia encontrado consonância em discursos anteriores da audiência. O deputado federal Roney Nemer (PMDB-DF), relator na CTASP, do PL 8078, que dá o reconhecimento do nível superior à carreira da PCDF, comprometeu-se a ajudar os papiloscopistas nessa jornada.

“Não existe nenhuma ação do perito criminal em que o papiloscopista não esteja por perto. As funções complementares têm de estar juntas. Temos que nivelar todas as funções por cima”, defendeu o deputado.

O diretor-geral da PCDF, Eric Seba, também ressaltou que os papiloscopistas constituem uma categoria fundamental à PCDF. “A sobrevivência da instituição passa por vocês estarem na estrutura dela. O que vamos buscar é união e valorização, em todos os aspectos”, prometeu.

Claudionor Batista, presidente do Instituto de Identificação, também profissional da área, explicou que a dedicação diária dos papiloscopistas é responder à pergunta “Quem?”, em todos os aspectos que cercam o crime.

Isso assevera, segundo ele, a importância desse profissional como peça-chave a qualquer investigação. “A categoria pede, humildemente, apoio para as nossas demandas urgentes. Nós já somos peritos de fato, mas não de direito”, disse.

EXPERTISE

A secretária adjunta de Segurança Pública e Paz Social do DF, Izabel Seixas, fez coro elogiando a iniciativa de se discutir a perícia papiloscópica no âmbito legislativo, “um espaço diferente ao que tradicionalmente se discute”.

Ela disse reconhecer que os papiloscopistas terão importância fundamental no “Pacto Pela Vida”, principalmente na elucidação dos crimes violentos. “A secretaria está a disposição de vocês, que são fundamentais”, informou.

Rodrigo Meneses, presidente da Associação Brasiliense de Peritos Papiloscopistas (Asbrapp), comemorou a realização da audiência. Para ele, a categoria vive, atualmente, um momento de intensas discussões sobre a atividade profissional.

“Temos que nos preparar para esse grande debate. É de extrema importância dialogarmos com as autoridades. Somos reconhecidos como peritos pela Lei Orgânica do GDF e pelo regimento interno da PCDF, mas precisamos de uma lei federal, que nos dê segurança”, ponderou Rodrigo.

O presidente da Asbrapp também fez um panorama sobre a atuação dos papiloscopistas do DF, ressaltando a expertise que eles têm levado a outros estados, além do reconhecimento internacional que os profissionais têm conquistado. “Nós, de fato, continuamos a investir no nosso trabalho. A gente acompanha o que vem de fora, mas também produz ciência forense. É um grande orgulho fazer parte de uma categoria de profissionais tão dedicados”, assegurou Rodrigo Meneses.

EXPOSIÇÃO

A audiência pública foi apenas um dos eventos dedicados aos papiloscopistas nesta semana. Ainda na segunda, houve a realização do workshop “Modernização do Instituto de Identificação e Tecnologia para a Identificação Humana”.

Ainda na CLDF, foi aberta a exposição “Perícia Papiloscópica: Solução de Crimes”, que permanece no Espaço Espelho D’Água até o dia 18 deste mês.