Com informações do Correio Braziliense
O delegado Ricardo Viana, chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), se reuniu, nesta terça-feira (11/8), o pai e o irmão do homem acusado de injúria racial. O investigador foi atacado pelo morador do Lago Sul, de 34 anos, na última sexta-feira (7), no McDonald’s da região administrativa. Na ocasião, o suspeito chamou a vítima de “macaco” e “veado”.
O acusado, ex-estudante de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB), acabou preso, mas foi liberado em audiência de custódia, mediante pagamento de fiança. Ele é monitorado por meio de tornozeleira eletrônica e já tinha sido denunciado depois de ser racista com um gari, em novembro passado.
Segundo o delegado, a conversa ocorreu só depois de ficar combinado que os familiares do acusado não pediriam que a denúncia fosse retirada.
A repercussão nacional do caso, conforme análise do próprio investigador, pode ter ocorrido “por ocupar um cargo em uma das melhores polícias judiciárias do país”.
Ricardo Viana cita, inclusive, os casos de racismos que ganharam repercussão nacional desde a última sexta (7): a do jovem Matheus Fernandes, que teve uma arma apontada em sua direção por seguranças de loja de departamento em um shopping da Zona Norte do Rio de Janeiro, após tentar trocar um relógio que comprou de presente para o pai, de R$ 300; e do entregador de aplicativos de delivery Matheus Pires, agredido verbalmente por um morador de um condomínio de casas no bairro Chácaras Silvania, em São Paulo, por atrasar a entrega do pedido de comida — o crime foi filmado.
Sindicato repudia caso de racismo
Por meio de nota oficial, o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) prestou solidariedade ao delegado Ricardo Viana, e repudiou o ato de racismo cometido pelo morador do Lago Sul. “O acontecimento, absolutamente lamentável, ocorreu justamente em uma semana em que mais dois episódios de racismo, em outros lugares do Brasil, ganharam bastante repercussão – o que deve nos levar, enquanto sociedade, a refletir sobre o assunto”, iniciou o texto.
“Viana foi atacado de maneira covarde, de forma absolutamente gratuita (ainda que, em qualquer circunstância, um ato de racismo seja injustificável), o que torna o fato ainda mais grave. E, a despeito do que normalmente se diz sobre a postura dos policiais, manteve o controle – o que não é fácil em situações como essa”, continuou a nota.
O sindicato destacou, ainda, que repudia “todo e qualquer ato de discriminação a qualquer cidadão, mas, quando isso ocorre com um policial civil, toda a sociedade também é atacada”. “Ao delegado Viana, prestamos nossa solidariedade e respeito. Manifestamos a consternação de toda a nossa diretoria e da categoria policial civil por esse triste e revoltante acontecimento.”