A Polícia Civil investiga uma série de denúncias sobre supostos erros médicos e negligência de profissionais no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Os inquéritos estão concentrados na delegacia de polícia da área central de Brasília, a 5ª DP.
O Metrópoles localizou 24 famílias que relatam as incidências desses crimes na unidade de saúde. Do total de casos, nove se referem a pacientes que morreram – seis em 2019 e três em 2018. Todos os depoimentos foram formalizados na PCDF.
Simone Leite mantém a última imagem do filho Paulo Victor Santana Leite da Silva, 21 anos. Ela e o marido estavam em um leito do Hospital de Base, em 8 de junho deste ano, acompanhando o estudante de direito quando presenciaram o jovem sofrer duas paradas cardíacas.
Durante a última emergência, o casal precisou ser retirado do quarto. A angústia deu lugar ao vazio quando, minutos depois, o médico do plantão informou que o rapaz não resistiu.
O drama da família, porém, teve início mesmo antes de o jovem dar entrada na unidade pública de saúde. Paulo Victor foi atropelado por um ônibus no dia de seu aniversário – 6 de junho.
Ele atravessava uma faixa de pedestres apagada na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) em horário de pico. Com o trânsito parado, o universitário conseguiu atravessar a pista com facilidade. Quando chegava perto da parada, onde pegaria um coletivo para o Guará, foi atingido por um veículo, que vinha na faixa reversa da pista.
Após ser atingido, esperou 20 minutos por socorro médico. Chegou ao hospital às 20h e precisou ser entubado na sala vermelha. No curto período em que ficou internado na unidade de saúde, os pais afirmam terem presenciado indícios de falhas graves no atendimento a Paulo.
“Ele teve fratura exposta do fêmur e havia perdido muito sangue, coisa de mais de dois litros. Eu vi que ele estava anêmico, pedi uma transfusão imediata, mas os médicos desconversaram”, explicou Simone.
Aos pais, o corpo médico teria informado que Paulo Victor não havia lesionado a coluna e a cabeça e não apresentava sinais de hemorragia interna. “Eles nos tranquilizaram, disseram que os exames mostraram a costela quebrada, que havia feito um buraco pequeno no pulmão. Mas disseram que não era nada que tivéssemos que nos preocupar”, acrescentou Simone.
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