Do Metrópoles

Peritos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em conjunto com equipes de Minas Gerais, ajudaram a identificar, até as 10h desta segunda-feira (11/2), cerca de 160 vítimas da tragédia que ocorreu em Brumadinho. A convite dos colegas mineiros, os especialistas da PCDF trabalham há cerca de duas semanas em meio ao cenário de destruição no município.

Além de acompanhar a retirada dos corpos nas chamadas zonas quentes, o grupo coordenado pelo perito médico-legista Samuel Ferreira atua em todas as etapas de identificação das vítimas no Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, dando fluxo aos trabalhos denominados de DVI – identificação de vítimas de desastre, expressão técnica na língua inglesa.

Devido à natureza do desastre e ao estado de decomposição dos corpos, os especialistas atuam em uma força-tarefa multidisciplinar, que envolve as áreas da medicina legal, antropologia, genética e odontologia forense, além da papiloscopia.

“Apesar da tragédia e da comoção, o trabalho de resgatar os corpos e identificar as vítimas é muito gratificante, pois ajuda a devolver, de alguma forma, a memória daquela pessoa que partiu a seus familiares. É o mínimo que podemos fazer”, Samuel Ferreira.

Ele ressalta, ainda, que os trabalhos estão em “ritmo e fluxo muito bons” e que o maior desafio no momento é localizar e resgatar os corpos. “É uma honra para nós sermos convidados pelos colegas de Minas Gerais e representarmos a PCDF nessa missão tão importante em memória e respeito às vítimas e às famílias”, completou Ferreira.

Experiência

Os quatro profissionais da PCDF que estão em Brumadinho são reconhecidos no país pelo trabalho de identificação de corpos. A equipe, composta pelos peritos médicos-legistas Samuel Ferreira e Malthus Galvão, pela perita criminal Heloisa Costa e a papiloscopista Jurema de Morais, trabalhou em três outras grandes catástrofes, como o incêndio no supermercado Ycuá Bolaños, em Assunção, no Paraguai, que ocorreu em 2004 e deixou 374 mortos.

A equipe também atuou na queda do avião da Gol que se chocou com um jato Legacy, em 2006, e deixou 154 mortos. A última grande tragédia foi o deslizamento de terras na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Na ocasião, 918 pessoas perderam a vida.

Confira o currículo dos peritos:

Samuel Ferreira, perito médico-legista e geneticista forense – Especialista em identificação humana. Ingressou na Polícia Civil em 2002 e é o atual diretor do Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA). Professor de medicina legal e genética forense da Escola Superior da PCDF (ESPC) e da Senasp (MJ). É coordenador Científico da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e do Grupo de Trabalho Perus (GTP). Atuou na identificação de vítimas em diversos casos de desastres no Brasil, na América Latina e casos de identificação de vítimas de crimes de guerra em missões internacionais na África.

Malthus Fonseca Galvão, perito médico-legista – Ingressou na PCDF em 2002. Ex-diretor do IML, é especialista em identificação humana antropológica e odontológica. Participou de operações de identificação vítimas em diversos casos de desastre de massa no Brasil e na América Latina. É professor de medicina legal na Escola Superior da PCDF (ESPC) e na Universidade de Brasília (UnB).

Jurema Aparecida Pereira de Morais, papiloscopista – Está na PCDF desde 1996. Foi chefe da Seção de Perícia Necropapiloscópica (SPN-IML) de 1998 a janeiro de 2011. Desde 2015 é a chefe do Laboratório de Exames Necropapiloscópicos em Cadáveres Especiais (Lence-DPT). Atuou em conjunto com a equipe da PCDF na identificação dos corpos na Serra do Cachimbo (Caso Gol/2006). Recebeu algumas condecorações: Diploma Honra ao Mérito do GDF, Medalha Santos Dumont, Medalha Mérito Segurança Pública e Título Cidadã Benemérita de Brasília.

Heloisa Maria da Costa, perita criminal – Ingressou na Polícia Civil do DF em 2006 como agente de polícia, passando para perita criminal em 2013. É especialista em odontologia legal e em antropologia forense e direitos humanos. Lotada na Seção de Crimes contra a Pessoa (SCP-IML), atuou na identificação de vítimas de desastres no Brasil.

As equipes de Brasília e de Minas Gerais fazem parte da diretoria da Associação Brasileira de Antropologia Forense (Abraf).

Buscas

As buscas pelas vítimas que ainda estão desaparecidas por causa do rompimento da barragem da Vale entraram no 17° dia nesse domingo (10). Mais uma vez, os trabalhos se concentram na usina ITM, no setor administrativo – refeitório, casa e estacionamento – e nas áreas da ferrovia e de acúmulo de rejeito.

No total, 35 equipes atuam na região. São 352 militares: 150 de Minas Gerais, 129 de outros estados, 64 da Força Nacional e nove voluntários. Onze aeronaves, 35 máquinas e 19 cães farejadores também estão sendo utilizados.

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