Do G1 DF

Um grupo de estrangeiros que aplicava golpes financeiros no Distrito Federal foi preso pela Polícia Civil nesta terça-feira (28) no Núcleo Bandeirante. Os homens pediam empréstimos às vítimas e prometiam rendimento de 30% na devolução. Eles também vendiam dólares falsos 40% abaixo da cotação. Na prática, os “clientes” recebiam de volta uma mala cheia de papéis sem valor.

Os golpistas diziam que “pintavam” o dinheiro de preto para não que não fosse identificado nos raios-X dos aeroportos. Com isso, eles pediam empréstimos às vítimas com a justificativa de que precisavam das notas para aplicar uma técnica que tiraria a tal tinta preta. Para convencer os “clientes”, eles faziam uma demonstração do processo de limpeza.

Pegavam três notas verdadeiras, um limpa e outras duas pintadas de preto. Em seguida, colocavam a nota limpa no meio, derramavam alguns produtos em cima das três e enrolavam as notas em papel alumínio. Deixavam o dinheiro descansar por cerca de 20 minutos e, quando abriam o embrulho, as três notas estavam limpas.

Com o procedimento, eles diziam às vítimas que podiam fazer isso com muitas outras notas e prometiam devolver os empréstimos com 30% do valor investido. Na prática, os reais caiam nas mãos dos criminosos sem devolução. No final, o que as vítimas recebiam eram malas cheias de papéis brancos.

Três criminosos foram indiciados por tentativa de estelionato, estelionato e associação criminosa. A pena para os crimes varia de 7 a 18 anos de prisão no regime fechado.

Lucro fácil

Com a promessa de lucro alto e fácil, um casal chegou a fazer um empréstimo de R$ 100 mil no banco para entregar aos golpistas com a promessa de que receberia os 30% de rendimento. “Trouxemos o dinheiro e ele ainda fez exigência que queria todas elas em nota de R$ 50.”

“Eu passei o dinheiro pra ele, ele pediu que ninguém ficasse no local a não ser eu e ele. Eu levei ele pra dentro do meu quarto e lá ele foi misturando uma nota com a outra, pra mim tava tudo normal porque era uma nota minha e duas dele”, disse à reportagem.

“Você fica em total desespero, porque eu fiquei com R$ 100 mil reais de dívida pra pagar e ele ficou com o meu dinheiro.”

O delegado responsável pela operação, Fernando Fernandes, informou que sete vítimas foram identificadas, mas que é possível que haja outras. “Nós acreditamos que muitas das vítimas, por terem caído num golpe até artesanal como esse e perdido muito dinheiro, por vergonha acabaram não registrando os boletins policiais.”

Por pouco

O empresário Francisco Saraiva foi procurado pelos golpistas, mas conseguiu perceber que era tudo mentira. “Todos esses papéis pretos aqui, pra quem não entende, acha que seria dinheiro, que só precisava usar os líquidos pra que limpasse as notas.”

“Quando eu vi que se tratava de um golpe eu falei que isso aqui tá errado. Como é que ele pega uma nota e vai transformar em duas? Nós vamos pagar R$ 500 mil e ele vai devolver R$ 500 mil e mais 30% das notas que ele limpou, sendo que nós tínhamos que trazer isso pra limpar em casa e nossos R$ 500 mil ficavam na mão dele.”

Outro empresário, que preferiu não se identificar, disse à TV Globo como os criminosos tentaram convencê-lo a entrar no “negócio”. “Ele pediu que eu levasse cinco notas de R$ 100. Aí ele pegou as minhas notas e colocou junto com as outras notas escuras. Colocou num papel, mandou eu pisar em cima durante 20 minutos lá e depois limpou elas.”

“A promessa é que se eu conseguisse pra ele R$ 500 mil, me devolveriam os R$ 500 mil e mais 30% do R$ 1 milhão, que seria R$ 300 mil.”

 

 

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