de mortes violentas no DF no período de 21 a 27 de agosto foram assassinadas com armas de fogo (Foto: Agência Brasil)

Por Marília Marques, do G1 DF

Dois meses após a morte de oito pessoas no Distrito Federal, apenas dois inquéritos policiais que investigavam autores e circunstâncias do crime foram concluídos. Até a publicação desta reportagem, 75% das investigações estavam em curso e nenhuma levou à prisão de suspeitos.

O G1 registrou, no período de 21 a 27 de agosto, todas as mortes violentas ocorridas no Brasil. Agora, acompanha todos esses casos. Nesta quinta (9), o G1 mostra que a maioria dos casos de morte violenta no país está em aberto. Dos 1.195 assassinatos, 761 inquéritos continuam em andamento e não há informação sobre o status de 181 crimes.

O Monitor da Violência é resultado de uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e envolve reportagem e análise de dados.

Distrito Federal

De acordo com o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-secretário de Segurança do DF Arthur Trindade, o resultado do balanço de dois inquéritos concluídos no período de 60 dias no DF é “baixo”, apesar de “dentro da expectativa da Polícia Civil no país”. No Brasil, as delegacias têm 30 dias para encerrar uma investigação. O prazo é prorrogável por até mais 30.

Para Trindade, o fato de, neste período, não ter ocorrido nenhuma prisão demonstra a “desarticulação” entre as instituições públicas. “Quando o suspeito responde em liberdade, a chance de estar foragido é enorme”, destaca.

Sobre a demora na solução dos crimes, o tempo requerido entre a denúncia do Ministério Público e o julgamento do suspeito pela Justiça, o pesquisador afirma que este é um “problema grave”. De acordo com Trindade, a solução para melhoria do desempenho policial seria a reorganização da metodologia de investigação criminal no DF.

“É necessário que a equipe de investigadores e peritos chegue o mais rápido possível ao local do crime para iniciar o trabalho. No DF, quem primeiro investiga o crime de homicídio são as delegacias circunscricionais, que já cuidam de todos outros tipos de crime, desde briga de cachorro a estelionato.”

O G1 procurou a direção da Polícia Civil no Distrito Federal para comentar possíveis motivos para a demora na conclusão das investigações dos outros cinco casos de homicídios e um de latrocínio ocorridos em agosto. A instituição não enviou respostas até a publicação desta reportagem.

Mortes violentas

No DF, as oito vítimas na semana mapeada, de 21 a 27 de agosto, foram homens que tinham entre 16 e 44 anos. A maioria dos crimes ocorreu à noite e, 75%, no fim de semana. Cinco dos oitos casos aconteceram no domingo (27). Os crimes se deram nas regiões de Samambaia, Gama, Ceilândia, Estrutural, Brazlândia e Fercal.

Pelo menos 60% das vítimas foram mortas na mesma região onde moravam e tinham ligações confirmadas com o uso ou tráfico de drogas. Outro dado é que 37% tinham passagem pela polícia.

Investigações concluídas

José Silvano do Carmo

Na região de Brazlândia, as circunstâncias da morte de José Silvano do Carmo, de 44 anos, já são de conhecimento da Polícia Civil. O homicídio do produtor rural estava sendo investigado pela 18ª Delegacia de Polícia e, segundo informou o delegado Adval Cardoso, o inquérito policial foi concluído em 15 dias após o fato.

O delegado disse ao G1 que o suspeito é o enteado da vítima, de 20 anos. O jovem teria discutido com o padrasto após um “desentendimento em família”. O crime aconteceu na noite do dia 27 de agosto, na chácara localizada no assentamento Betinho.

O caso foi enviado à Justiça e o suspeito vai responder – em liberdade – por homicídio duplamente qualificado: por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. O motivo de não ter prendido o jovem, de acordo com Cardoso, foi uma negociação feita com familiares da vítima e com o próprio suspeito para o comparecimento à polícia.

“Conseguimos convencer o autor de narrar a verdade, assim como a esposa da vítima – que presenciou o momento do esfaqueamento – e, por isso não pedimos a prisão preventiva dele.”

Se houver condenação, a pena prevista para o autor do crime é de 12 a 30 anos de prisão.

Marcos Vinícius Sousa

O jovem de 22 anos, foi morto com um tiro na nuca na noite 27 de agosto, em Ceilândia, no Distrito Federal. O corpo de Marcos Vinícius Sousa foi encontrado em uma quadra residencial, na QNN 1/3, perto da casa onde o rapaz morava.

Cerca de dois meses depois do crime, a Polícia Civil informou ao G1 que o caso foi solucionado e os autores, identificados. No entanto, os suspeitos “estão foragidos ou procurados”. A reportagem não conseguiu contato com o delegado que investigava o caso.

Na época do crime, o caso era tratado como suposto “acerto de contas” e havia “indícios de execução”. A polícia do DF informou ao G1 que Marcos Vinícius Sousa já tinha sido preso, em 2014, por tráfico de drogas e quando foi morto cumpria pena em regime de prisão domiciliar.

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