Acada dois dias, pelo menos um carro é arrombado na Universidade de Brasília (UnB). O número representa crescimento de 127% no crime, que inclui subtração de rodas ou de objetos dentro de veículos estacionados apenas no campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Segundo dados do Setor de Segurança, este delito representa 35% de todas as ocorrências entre 2013 e 2016, fora as muitas que deixam de ser comunicadas. Estudantes relatam situações de risco.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) mantém um levantamento do campus Darcy Ribeiro. Ali, segundo dados oficiais, 50 ocorrências de furtos em veículos foram registradas nos primeiros três meses do ano. Foram reportados 22 casos no mesmo intervalo de 2016.
Além disso, dois casos de roubo de veículo nos estacionamentos foram somados no primeiro trimestre, o dobro do ano passado. A SSP não identificou qualquer registro de estupro na universidade e imediações até abril deste ano, mas um coletivo de mulheres recebeu dez informações de tentativas do crime e três foram reportados à UnB, como mostrou o JBr.
De acordo com levantamento da UnB feito a pedido do Jornal de Brasília, o furto em veículo foi o delito mais registrado nos livros de ocorrência do Darcy Ribeiro entre 2013 e 2016 (36%), seguido por furto de equipamento eletrônico (13%). Crimes contra o patrimônio (9%), assaltos (7%), furto de bicicleta (7%) e atentado violento ao pudor (3%), entre outros, também fazem parte do balanço.
A UnB Alerta, ferramenta desenvolvida por estudantes, mantém ocorrências de criminalidade e problemas de infraestrutura no campus. No último mês, 20 casos foram relatados – a maioria por frutos em veículos.
Prefeito da UnB desde novembro, Valdeci da Silva Reis diz que foram iluminados dez pontos considerados críticos com 94 postes. “Também estamos podando árvores, removendo entulhos e fazendo o máximo para melhorar a segurança”, diz.
“Tem ocorrido muitos casos de carros arrombados. O campus tem quase quatro milhões de quilômetros quadrados e uma média diária de 60 mil pessoas. Essa quantidade de carros e pessoas atrai bandidos. Temos segurança feita por vigilantes e estamos fazendo capacitação. O sistema de câmeras está em processo de reativação”, afirma. Segundo ele, os equipamentos instalados no início da década ficaram quase sete anos inoperantes. De 30, só 17 funcionam.
Violência por toda parte
“Não me sinto segura”, afirma Bruna Ribeiro, acadêmica de Letras de 25 anos. No Darcy Ribeiro, ela diz que faltam iluminação e vigilância. Os constantes relatos de arrombamentos, assaltos e assédios tornam o cotidiano mais inseguro. A estudante pensa que a reativação das câmeras, que sequer sabia da existência, não deve inibir os criminosos: “Pode até dar medo, mas não deixarão de agir por conta disso”.
Na Faculdade do Gama, a direção começou a instalar 28 câmeras. “Elas só devem ajudar a identificar os suspeitos para que sejam pegos depois, mas não creio que impedirão as ações. Por mais que se faça melhorias na segurança, acho que os bandidos sempre vão ver brechas”, opina Yago Honda, 24, que cursa Engenharia Aeroespacial. De acordo com ele, há relatos de arrombamentos e assaltos.
Estudante de Ciências Naturais de 24 anos, Tamires Meneses também se sente insegura no campus de Planaltina. “Como a faculdade é muito aberta à comunidade, sinto que há acesso de pessoas estranhas e até marginais. Eu já vi acontecerem crimes, mas são poucos casos”, afirma a acadêmica. A sensação de insegurança, porém, é intensificada pela iluminação falha e falta de policiamento na região.
“À noite é mais perigoso. Há moradores de rua nas redondezas e eles costumam acessar o campus”, relata Ana Amorim, 27 anos, que estuda em Ceilândia. Ali, ela não tem muitas notícias de assaltos, mas cobra mais segurança: “Não pode esperar uma tragédia”.