Do Metrópoles
Todos os crimes contra o patrimônio registraram crescimento nos 11 meses de 2016 em comparação ao mesmo período de 2015
A crise na segurança pública do Distrito Federal transformou os brasilienses em alvo fácil para criminosos especializados em roubos e furtos. Todos os crimes contra o patrimônio (bens) dispararam nos primeiros 11 meses de 2016 em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social.
O caso mais grave envolve os roubos a residência, que subiram 37,2% entre janeiro e novembro do ano passado em relação a 2015. Ao todo, 826 casas e apartamentos entraram na mira de assaltantes, média de dois crimes por dia ocorridos em algum ponto do DF.
Em segundo lugar no ranking da criminalidade aparecem os roubos a transportes coletivos. Por dia, pelo menos oito ônibus foram assaltados e totalizaram 2.760 registros, um aumento de 28,7% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 2.144 roubos. Esses crimes deixaram feridos, como o motorista que levou um tiro pelas costas durante um assalto ocorrido em agosto no Recanto das Emas.
O condutor se recusou a parar o veículo para o trio de assaltantes descer e foi atingido. Segundo a polícia, os três roubaram o celular de cinco passageiros e do cobrador antes de ir embora. O motorista passou por cirurgia e conseguiu escapar com vida.
Perigo na calçada
Tentar escapar dos roubos a coletivos e andar a pé não foi a melhor solução para quem quis fugir da violência. A cada dia, uma média de 105 pessoas foram vítimas de roubos a pedestres nas ruas do DF. A Polícia Civil registrou 35.284 casos, contra 27.584 pessoas assaltadas no mesmo período de 2015. O aumento é de 27,9%.
E não foram apenas os coletivos que despertaram o interesse dos bandidos. Carros de passeio e motos não escaparam. Em média, 15 veículos foram roubados diariamente em alguma das cidades do DF. Ao todo, 5.193 automóveis foram tomados de assalto neste ano, contra 4.398 no mesmo período do ano passado.
Para o especialista em segurança pública e professor da Universidade Católica de Brasília, Nelson Gonçalves de Souza, a impunidade é um dos principais motivos responsáveis pelo aumento de crimes contra o patrimônio.
Ele destaca, ainda, que os crimes contra o patrimônio não são prioridade nas investigações. A atenção maior é dada a ocorrências de homicídios, por exemplo. “As pessoas sequer registram ocorrência porque acham que o Estado não vai resolver”, completa.
O outro lado
Em resposta aos números de roubos e furtos, a secretaria afirmou que mapeou as regiões e os tipos de delitos que mais impactavam nos índices criminais.
De acordo com a pasta, o levantamento apontou Brasília, Santa Maria, São Sebastião, Estrutural, Planaltina, Samambaia, Taguatinga e Ceilândia como as cidades que concentravam 65% dos roubos e furtos, sendo a maioria deles a pedestre.
A secretaria explicou que, somadas às ações policiais, outros setores do governo investiram em medidas de revitalização de espaços públicos, melhorias em iluminação pública e prevenção de desordens – fatores que contribuem consideravelmente para inibir a prática de criminosos e aumentar a sensação de segurança da população.
De olho no comércio
Sensação que não é sentida pelos empresários brasilienses, como Arthur Tavares dos Reis, que teve sua pizzaria no Núcleo Bandeirante roubada duas vezes em menos de 15 dias (foto de destaque). Na primeira vez, um homem invadiu o local durante a madrugada, quebrou a porta de vidro e levou o dinheiro do caixa. Mesmo com as imagens do circuito interno, a polícia não encontrou o ladrão.
Na madrugada de 28 de novembro, o local foi alvo do mesmo criminoso. Novamente, o homem quebrou a porta e, desta vez, levou uma televisão e um celular, causando prejuízo de mais de R$ 3 mil. “O jeito será instalar grades e contratar monitoramento 24 horas”, resigna-se. Ele registrou o roubo nas redes sociais.
No mesmo dia, três farmácias foram assaltadas, sendo duas em Samambaia e uma em Águas Claras. Os criminosos usaram uma escopeta para cometer os crimes, deixando comerciantes e funcionários apavorados. Somente após o terceiro assalto, o grupo, formado por dois homens e um adolescente, foi pego pela polícia.