Do Jornal de Brasília

O Projeto Amama, que auxilia mulheres de baixa renda com câncer de mama, perdeu força, mas mantém a esperança. A sede da instituição, na QND 47 de Taguatinga Norte, foi invadida na madrugada do último sábado e todas as doações recebidas foram levadas. “Perdemos 50 cestas básicas e 90 brinquedos. Levaram até o notebook da assistente social que é voluntária”, lamenta a presidente e fundadora Fabiana Monteiro da Silva. Agora, ela suplica por ajuda.

“Em 12 anos de existência, foi a primeira vez que a gente sofreu esse tipo de coisa. Está uma crise mundial, então é difícil as pessoas colaborarem de novo. Quem doou vai se sentir lesado e quem deveria receber também vai se sentir assim”, desespera-se a mulher. Os materiais levados foram arrecadados para promover um Natal Solidário com a família das cerca de 100 mulheres assistidas. Desde o crime, Fabiana conta ter recebido sete cestas básicas, muito pouco para cumprir o objetivo.

Mas, como diz o ditado, “para quem não tem nada, metade é o dobro”. A dona de casa Nadilma Dias de Lobato recebeu as doações na tarde de quarta e enalteceu o projeto. Seu marido sofreu um acidente e não pode se movimentar muito, então a situação em casa ficou mais difícil no último mês. “Eu deixo meu filho na creche, e com uma amiga também, e foi ela que me contou”, relatou.

O crime

Conforme a coordenadora do projeto, Tânia Bessa, os criminosos entraram após cortarem o teto de zinco. “É um prédio antigo, de quase 40 anos. Eles abriram com algum equipamento e entraram. Na saída, usaram os móveis para fazer de escada e fugir pelo teto”, relata. Segundo ela, apesar de o crime ter ocorrido nas primeiras horas de sábado, a perícia da Polícia Civil só apareceu na segunda-feira.

Tânia lamenta especialmente devido ao grande alcance que o projeto tinha alcançado nos últimos meses. “Temos recebido muita procura de meninas que ouviram o diagnóstico há pouco tempo. Elas nos procuram para ajudar com próteses mamárias, perucas etc. Levaram tudo o que tínhamos arrecadado para o natal”, diz.

A origem

Há 12 anos, uma amiga de Fabiana foi diagnosticada com câncer de mama, e ela foi puxada para o universo hospitalar junto à colega. Sensibilizadas pela precariedade da rede pública, as duas mobilizaram médicos voluntários.

Entre tristezas e alegrias

Em 2008, a amiga de Fabiana morreu após seu câncer sofrer metástase, mas ela não esmoreceu. Tomou as rédeas e continuou com o Projeto Amama, expandindo a rede de influência e angariando mais médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais para oferecer consultas e até exames em caráter voluntário na sede da instituição.

Eles já estiveram em Águas Lindas (GO), na Região Metropolitana do DF, e em outras localidades de Taguatinga. Desde o início deste ano, conseguiram autorização da administração regional para ocupar o espaço na QND 47, que estava abandonado. “Essa área era conhecida como cracolândia. Era um centro de prostituição. O governo consentiu em virmos para cá porque era melhor a gente aqui do que deixar como estava”, explica.

Por meio de parceria com a Feira do Produtor, o projeto recebe doações de frutas e verduras para distribuir a grupos de baixa renda. Nesta semana, esse foi um alento após o baque. “Doamos 136 cestas. Geralmente, às terças e sextas-feiras, distribuímos 70”, orgulha-se.

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