Quem precisou de atendimento no centro de saúde do Paranoá, na manhã desta quinta-feira (1º), se deparou com as portas fechadas por um breve período. As atividades foram interrompidas por cerca de 30 minutos e, no local, diversos cartazes com pedido de segurança foram colocados nas grades do posto. De acordo com funcionários, o estabelecimento foi alvo de quatro assaltos em menos de seis meses, sendo o último na noite da última quarta-feira (31).
Após o crime, os servidores resolveram cruzar os braços. Esse foi o meio que eles encontraram para protestar contra a onda de violência que assola o Centro de Saúde e reivindicar por mais segurança. Ontem, por volta das 19h, dois vigilantes do local foram surpreendidos por uma dupla armada. Na ocasião, um dos seguranças chegou a ser rendido e teve sua arma roubada. Depois da ação, os suspeitos conseguiram fugir. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia responsável pela região. “Esse foi o segundo assalto em menos de 20 dias. O motivo é sempre o mesmo: levar as armas dos vigias”, relata um funcionário.
Versão oficial
Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal disse que o policiamento na área é feito de forma ostensiva e conta com o apoio de viaturas especializadas. “A produtividade dos policiais tem sido cada vez maior, tanto na prisão dos autores de roubos e furtos, quanto na apreensão de mais de 70 armas desde o início deste ano”, informou a corporação. A PMDF alega, também, que os crimes, em sua maioria, são cometidos por menores de idade reincidentes.
O técnico de enfermagem, Eldo Raposo, 21 anos, disse que, devido à falta de segurança, a equipe trabalha com medo todos os dias. “Até hoje, não houve melhora no policiamento e não há viatura fixa no local. Essa região tem históricos recentes de arrastão nas paradas de ônibus e assaltos frequentes. Já fomos rendidos por criminosos com a pediatria em funcionamento, por exemplo”, lamenta.
A equipe do posto fez um abaixo-assinado e encaminhou para a Secretaria de Segurança Pública e para o Conselho de Saúde Regional do Paranoá-DF um pedido por segurança ostensiva e pela revisão sobre o uso das armas utilizadas por vigilantes. “Além de as armas de fogo serem cobiçadas pelos criminosos, os seguranças não atuam na área de segurança pública, mas como fiscais de patrimônio”, pondera Eldo.
Contatada pela equipe do JBr., a Secretaria de Segurança Pública informou que, até o momento, ainda não teve conhecimento do abaixo-assinado, mas o caso já está sendo avaliado.
Insegurança
A balconista Deliane Lima, 29, mora próximo ao centro de saúde há 10 anos. Em junho, ela disse ter sido assaltada perto do posto. Segundo Deliane, ela foi abordada por dois homens armados em uma moto, que pediram os pertences dela e fugiram. “Depois de tantos anos morando aqui, vejo que a criminalidade está ficando cada vez pior”, desabafa.
Edson Ribeiro, 51, é motorista de ônibus e disse que nunca foi assaltado, mas que seus colegas de trabalho já foram vítimas algumas vezes. “O crime, na verdade, está em todo lugar”, acrescenta.
Medidas de prevenção e contenção de delitos
Na tarde de hoje, o comando do 20° BPM esteve reunido com a diretoria do centro de saúde para estudar medidas de prevenção e contenção de delitos. A PMDF, através do 20° BPM, se comprometeu a realizar para os profissionais de segurança privada, nos dias 12 e 13 de setembro, uma palestra sobre a padronização de comportamentos durante o serviço de vigilância armada.