Do G1/Brasília
O corpo de um homem de 41 anos, vítima de um acidente de carro no Distrito Federal, levou quase nove horas para ser retirado da pista neste sábado (23). Segundo testemunhas, ele saía de um bar com mais dois amigos na Zona Rural de São Sebastião quando o veículo capotou e ele foi lançado para fora. Enquanto as outras vítimas foram socorridas pouco após o acidente, que ocorreu por volta de 1h, os peritos da Polícia Civil só chegaram na área da capotagem às 10h.
A polícia negou que houvesse atraso nos trabalho de perícia. Segundo a corporação, a delegacia só foi comunicada às 6h15h e a perícia acionada às 8h50. “Temos duas equipes atendendo durante o dia. Elas estavam atendendo acidentes ocorridos no Gama e SIA, portando não houve demora no atendimento.” O acidente ocorreu na DF-265, no quilômetro 9.
Desde 4 de julho, os servidores da polícia estão em “operação-padrão” como forma de pressionar o governo a conceder reajuste salarial de 21% e convocar novos servidores. A orientação do sindicato é ouvir testemunhas só com a presença de um delegado e de um escrivão, o que acaba atrasando o andamento de investigações.
O GDF afirma que não tem como negociar o reajuste – concedido a policiais federais – por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal. Neste sábado, pelo menos oito pessoas aguardavam para registrar boletim de ocorrência na delegacia de Taguatinga Sul.
Com a “operação-padrão”, agentes registram apenas flagrantes e ocorrências criminais. Investigações, intimações, protocolo de documentos e diligências ocorrem de forma mais restrita. A categoria diz que a tendência é intensificar o movimento, com paralisações das atividades “até mesmo durante a Olimpíada”.
De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), o objetivo é denunciar o acúmulo e a sobrecarga de funções. Eles afirmam que os servidores da Polícia Civil têm também de cumprir tarefas de outros cargos.
Em nota, a direção da corporação disse que “todos dão algo a mais para cumprir sua missão” e que nenhum serviço foi afetado pela paralisação. “Nunca se fez tanta operação nem se prendeu tanto na história da Polícia Civil”, completou.
A corporação tem atualmente 4,5 mil servidores – número inferior ao preconizado por uma lei distrital de 1993, que determinava 5.940 para a então população, de 1,6 milhão. O salário inicial da categoria é de R$ 7,5 mil. Os policiais afirmam ter perdido 50% do salário para a inflação e cobram a normatização das licenças prêmio e capacitação.
O sindicato relata infraestrutura ruins nos prédios da Polícia Civil. Reportagens do G1 trazem denúncias de focos de Aedes aegypti, água contaminada, ratos e insetos em delegacias.
“Algumas delegacias, como em Sobradinho II, precisam ser demolidas e reconstruídas. Os coletes estão vencidos, não há munição para treinamento e reprodução, falta material de escritório como grampos, clipes e capas de inquéritos”, afirmou a entidade.
A direção da Polícia Civil negou que haja sucateamento. Segundo a organização, a corporação brasiliense é a mais bem equipada do país, “com equipamentos modernos de investigação, viaturas novas, armas, munição, novos policias contratados, concursos em andamentos e distribuição de 1,5 mil novos coletes a prova de balas para todos os funcionários”.
Até a publicação desta reportagem, a operação não afetava os institutos Médico Legal, de Criminalística, de Identificação e de Pesquisa e DNA Forense. No mês passado, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou a nomeação de 155 policiais civis, entre agentes e escrivães.
Outras categorias da segurança pública
Impedidos por lei de fazer greve, policiais militares e bombeiros fizeram uma carreata no Eixo Monumental na terça-feira (12) para cobrar aumento salarial de 25,4% e ampliação do plano de saúde. O grupo carregava bandeiras pedindo “respeito” às categorias. Os veículos partiram do ginásio Nilson Nelson e deram uma volta pela Esplanada dos Ministérios.
O ato foi organizado pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), que em reunião em junho chegou a sugerir às categorias que faltassem ao serviço na Olimpíada como forma de pressionar por reajuste. Ele negou, porém, que estimulasse greve no áudio.
Outro acidente
Um homem de 66 anos foi levado ao Hospital Regional de Taguatinga neste sábado com corte na orelha e suspeita de fratura na clavícula depois de bater o carro em outro. O motorista do outro carro, que capotou, não ficou ferido.
O acidente na BR-060, próximo à quadra 509 de Samambaia. A via começa em Brasília e acaba em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. Ela passa por Goiás e Mato Grosso do Sul.