Ato na Praça da Sé fez homenagem aos policiais assassinados durante ação da facção criminosa
Uma década após os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), os profissionais de segurança e do sistema prisional do Estado de São Paulo ainda cobram providências das autoridades e garantem que os policiais continuam sendo cassados pelo crime organizado. “Ao invés da polícia avançar no combate ao crime, o que aconteceu foi o contrário, o crime avançou e a polícia acabou sendo enfraquecida”, garantiu o presidente do Sindicato da Policia Civil da Baixada Santista e Região (Sinpolsan), Marcio Pino.
Ele foi um dos participantes de um ato ecumênico realizado na manhã desta segunda-feira (9), na Praça da Sé, na capital paulista. O objetivo foi fazer uma homenagem aos centenas de policiais civis, militares e agentes penitenciários assassinados durante a ação do PCC, que durou cerca de 20 dias. Na ocasião, houve rebelião em presídios, incêndio em ônibus e delegacias alvejadas. O resultado foram toques de recolher em diferentes cidades do País.
“Nesses 10 anos, não temos nada para comemorar de avanço para a polícia e demais setores de segurança pública. O descaso permanece no dia a dia. Temos visto a polícia enfraquecida, um estado fraco e o crime avançando, tanto na parte de aumento da criminalidade que é um reflexo imediato, todo mundo nota, como em relação aos funcionários, que acabaram encolhendo, ao contrário do crime, cada vez com número maior”, afirmou Pino.
Segundo ele, cerca de 150 policiais e membros do setor de segurança morrem por ano no estado de São Paulo. “Não tem uma profissão no mundo onde tenha uma baixa tão grande em razão do serviço. A cobrança dos sindicatos é constante para reverter essa situação, mas não somos ouvidos e quem sofre com isso é a sociedade, que se sente refém do crime”, completou o presidente do Sinpolsan.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp-SP), Daniel Grandolfo, responsável pela organização do ato, os ataques do PCC são considerados um momento terrível na história da categoria, já que em 2006 os funcionários sequer tinham porte de armas, sendo o elo mais fraco da segurança pública.
“Foram os mais massacrados, muitas execuções ocorreram na frente da família, quando estavam chegando ao trabalho. Tivemos em 2006, 23 agentes executados pelo PCC. Nesse período todo de 10 anos até hoje, tivemos mais 28 executados. Então são mais de 50 agentes executados pelo crime organizado de maneira trágica. Então, esse ato foi para lembrar dessas execuções covardes, lembrar o que acontece no Brasil, lembrar para que essa história nunca se repita e as autoridades tomem providências e garantam a segurança desses profissionais”.
Já o deputado federal Major Olímpio é enfático ao dizer que o estado continua desaparelhado e despreparado para atender a sociedade. De acordo com o parlamentar, a policia civil conta com 13 mil homens a menos hoje. Já na Polícia Militar, há um déficit de 8 mil profissionais. “Falta investimento e recursos humanos. Há uma fragilidade na estrutura. Fizemos esse ato singelo para marcar aquele período triste, que não podemos apagar da nossa memória. Tudo aquilo aconteceu porque o crime se organizou e o estado não se organiza. E 10 anos depois se tivermos situação semelhante, infelizmente vamos ter mais dezenas de profissionais da segurança pública executados e a população desprotegida”.