Quinze minutos foram suficientes para dois bandidos escolherem as mercadorias mais luxuosas de uma joalheria em um shopping do Guará. A dupla chegou ao estabelecimento e se passou por cliente. Um deles estava armado e vestia uma farda semelhante à da Polícia Militar. O outro, mais jovem, usava uma camiseta branca. Eles renderam os funcionários e levaram 13 relógios — o valor individual pode chegar a R$ 50 mil — e mostruários de alianças. Fugiram em um Hyundai i30 roubado. O prejuízo ainda não foi calculado. A Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) investiga o caso. A ocorrência é a décima de assalto a joalherias apenas em 2016 (leia Memória).
O crime ocorreu por volta das 11h de ontem, dia do aniversário de 47 anos do Guará. Por causa da festa, a segurança da cidade estava dividida entre o patrulhamento comum e a escolta de autoridades como o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), que compareceu a parte das comemorações. Dados da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social mostram que, entre janeiro e março, aconteceram 818 assaltos a comércios no DF. No mesmo período do ano passado, houve 824.
A joalheria atacada fica no segundo piso, perto do Espaço Gourmet, do lado oposto à Praça de Alimentação. É lá que ficam os restaurantes mais caros do centro comercial. Durante o assalto, uma criança viu os criminosos ameaçando funcionários da joalheria e avisou a um segurança do shopping. Mas, segundo a Polícia Militar, o chamado demorou a chegar à corporação.
O consultor em segurança pública George Felipe Dantas explicou que o shopping é um ambiente semipúblico e, como tal, deveria ter circuito interno e funcionários capazes de “conseguir uma resposta rápida da polícia”. Para ele, o caso abre suspeita para a efetividade da proteção oferecida pelo centro comercial. “O que podemos imaginar é que a acessibilidade à loja e ao shopping é muito fácil, mas não pode ser assim. É necessário ter mais cuidado, nem que seja usando segurança armada. Hoje, tornou-se uma coisa comum, ainda mais se tratando de uma loja que vende produtos tão caros”, explicou.
O especialista avaliou que “existe quase uma rotina de assaltos a joalherias, não só em Brasília. E, por isso, as pessoas que cuidam da blindagem desses locais deveriam ser muito cautelosas”. Segundo ele, o crime pode ter sido motivado por quatro principais razões: o alto valor dos itens roubados; o pouco esforço desempenhado para a prática do crime; a visibilidade das joias; e a facilidade de entrar e sair do centro comercial.