Quadrilhas especializadas em furtos de celulares estão na mira da Polícia Civil do DF. De acordo com as investigações, grupos organizados chegam a comprar ingressos mais caros para facilitar o acesso a todos os setores de festas e shows que ocorrem na cidade, principalmente no Plano Piloto e em Taguatinga.
Eles andam sempre bem arrumados e atuam em conjunto. Um primeiro elemento pratica o furto, repassa o aparelho para outro comparsa e foge do flagrante, já que, quando é abordado, a polícia não encontra nada“
Marco Antônio de Almeida, delegado-chefe da 5ª DP
Nas baladas, os bandidos contam com a ajuda de vários fatores: aglomeração, som alto e a distração das vítimas, que muitas vezes estão sob influência de bebidas alcoólicas, o que facilita muito o furto. A principal dica é não levar o celular nos eventos. Mas, em tempos de selfies, como abrir mão do smartphone? A universitária Camila Braga, 22 anos, que entrou na estatística no ano passado, sabe que é difícil deixar o aparelho em casa.
“Fui furtada em um show no Mané Garrincha. Costumo fazer fotos e gravar vídeos nos eventos e, como estava no camarote, tive a falsa impressão de ser um local seguro. Guardei no bolso de trás da calça e, quando precisei ligar para o meu pai, notei que não estava mais lá. Foi muito rápido, não vi nem senti nada”, conta Camila.
No Plano Piloto, apenas entre janeiro e outubro do ano passado, último dado fornecido pela Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, 5.724 aparelhos foram furtados na cidade. A região do Plano Piloto concentra quase metade das ocorrências: 2.053. Em Taguatinga, foram 602 registros. Segundo a Polícia Militar, nos primeiros três meses deste ano, 871 aparelhos furtados em todo o DF acabaram devolvidos a seus proprietários.
Boate
O bancário Marcelo Diniz, 32 anos, também foi vítima dos criminosos. Ele estava em uma festa em uma boate da cidade quando teve seu smartphone levado. “Tinha comprado o celular uma semana antes do crime, custou R$ 3 mil. Registrei ocorrência, mas não tenho esperança que encontrá-lo”, lamentou.
De acordo com a polícia, os smartphones são vendidos rapidamente em feiras da cidade, como a do Rolo, em Ceilândia, e até mesmo na internet, em sites de venda e redes sociais. “Muitas vezes, o anúncio entra na web no mesmo dia do furto. O valor cobrado por alguns aparelhos é o mesmo do praticado no mercado. Os rendimentos são altos, e as oportunidades para cometer os crimes são proporcionais”, ressalta o delegado Marco Antônio de Almeida.
Morte
Embora o furto de celulares seja uma infração de menor poder ofensivo, pode representar a porta de entrada para crimes bem mais graves, incluindo assassinato. Wesley Sandrikis Gonçalves, 29 anos, foi morto no bloco de carnaval Encosta Que Cresce, em 30 de janeiro. Segundo a Polícia Civil, o óbito está relacionado a um desentendimento com Francisco Gervásio Damasceno, 31, que foi preso em Manaus.
Segundo a polícia, os dois integravam uma quadrilha especializada no furto de celulares e costumavam agir em festas no centro da capital. Francisco achou que Wesley o entregou para um segurança durante um evento e cobrou satisfação. Os dois brigaram e a discussão terminou na morte do jovem.
Dicas para evitar furtos:
– Evitar deixar o celular à mostra em locais movimentados
– Não guardar o aparelho no bolso traseiro da calça
– Cuidado redobrado em shows e em eventos de grande porte
– Evitar utilizar o celular em áreas isoladas
– Não deixar os aparelhos sobre a mesa em bares e restaurantes
– Para reaver os celulares furtados, o dono deve ter a nota fiscal do aparelho e o número do Imei (uma espécie de código de identificação) do telefone. A partir desses dados, a Polícia Civil pode identificar os donos dos celulares apreendidos e retorná-los aos proprietários