Do G1 / Brasília

Servidor público tinha 51 anos; irmãos atuaram em crime, entendeu juíza.
Vítima levou tiros enquanto esperava os filhos; cabe recurso da decisão.

A Justiça do Distrito Federal condenou os três homens acusados de terem assassinado o servidor do Senado Eli Roberto Chagas, de 51 anos, na porta de um colégio particular no Guará II, em fevereiro. Eles deverão ficar presos em regime fechado, sem poder recorrer em liberdade da decisão da juíza Delma Santos Ribeiro, da Vara Criminal do Guará.

Pela sentença, Filype Espíndola de Azevedo foi condenado a 34 anos e 10 meses de prisão; o irmão dele, Milton Espíndola de Azevedo, a 27 anos e 4 meses; e Márcio Marçal, a 27 anos e 4 meses.

O G1 não conseguiu contato com as defesas. Em depoimento, Milton de Azevedo e Márcio Marçal negaram envolvimento no crime.
Filype Azevedo disse que praticou o assassinato com ajuda de um adolescente e isentou os outros acusados. Ele também relatou à juíza que tinha cometido outro roubo antes. Segundo Filype, ele atirou porque teve medo da reação do servidor por não querer se afastar do carro.
O crime ocorreu em 2 de fevereiro, quando a vítima esperava os filhos saírem da escola em um carro estacionado sob uma árvore. O veículo era recém-comprado e tinha sido retirado da concessionária no mesmo dia.
O Ministério Público havia denunciado os três por associação criminosa com uso de arma de fogo, roubo e latrocínio (roubo seguido de morte). Ao todo, o julgamento durou mais de dez horas. Foram ouvidos os três réus, os policiais que investigaram o caso e 11 testemunhas.
Crime
A vítima foi abordada pouco antes do meio-dia, no estacionamento do colégio Rogacionista. O servidor aguardava os filhos, de 12 e 15 anos. O colégio fica a menos de 100 metros da Direção Regional de Ensino do Guará e bem próxima a um centro de educação infantil.

Imagens obtidas pelo G1 no dia do crime mostraram um dos suspeitos caminhando em direção ao carro da vítima (veja vídeo no início da reportagem). Câmeras do próprio colégio também registraram a ação e mostraram o dono do carro cambaleando, após ser atingido.

Os suspeitos foram presos pela polícia duas semanas após o fato. Uma das pistas usadas para rastrear os suspeitos foi o carro da vítima – levado pelos bandidos e abandonado no Setor de Oficinas Sul. O veículo foi encontrado no mesmo dia do assassinato.

ESCOLA ABALADA 
A escola em que os filhos da vítima estudam tem 1,6 mil alunos. O diretor, Ademar Tramontin, diz que a família era participativa e que os dois filhos do homem assassinado, de 15 e 12 anos, não chegaram a ver o corpo do pai. “Assim que ficamos sabendo, mantivemos eles dentro da escola até a família chegar.”

O colégio tem vertente católica e fez uma oração antes de recomeçar as aulas. O diretor diz ter enviado uma série de pedidos ao GDF, à administração regional e ao Batalhão da PM, que fica a menos de 1 km do colégio, para reforçar o policiamento.

“Nós fizemos muitos pedidos para a polícia estar aqui, pelo menos passar aqui. Mas, infelizmente, a polícia diz que não tem efetivo suficiente para monitorar as escolas particulares”, afirmou ao G1no dia. A reportagem pediu posicionamento ao Batalhão Escolar e ao Palácio do Buriti no dia 2, mas não recebeu retorno.

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