Preso acusado de atrair garoto brasiliense de 13 anos para servir ao tráfico no Paraná usa as redes sociais para o crime. O menino ficou desaparecido por quatro dias, até ser localizado em Patrocínio, no interior mineiro

A Polícia Civil do DF investiga a ação de um traficante que cumpre pena na Casa de Custódia do Paraná. Ele é suspeito de aliciar, de dentro do presídio, ao menos 10 adolescentes da Candangolândia para o tráfico de drogas. As investigações revelaram que o acusado usa as redes sociais para atrair jovens. A vítima mais recente é um menino de 13 anos, que ficou desaparecido por quatro dias, até ser localizado na madrugada dessa terça-feira (4/11), em Patrocínio, cidade mineira distante 480km de Brasília. O garoto fugiu na companhia de um amigo, com quem pretendia ir a São Paulo e, de lá, para Londrina.

A polícia aponta Leandro Souza Zanglia como o responsável por aliciar Pedro* e José*, ambos de 13 anos, para vender drogas. Nesse caso, Victor Dan, delegado-chefe da 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante) afirma que o primeiro a ser convencido pelo acusado a se mudar para o Paraná teria sido José. Esse, por sua vez, teria intermediado o contato de Pedro com Leandro. Com a promessa de “uma vida melhor, muito dinheiro e mulheres”, os dois adolescentes deixaram a Candangolândia rumo a Londrina. “É muito provável que ele tenha acesso a celular de dentro do presídio”, afirmou Victor Dan.

Perfil suspeito
Na página do acusado em uma rede social, chamam a atenção a quantidade de crianças e adolescentes que ele tem como amigo e a intensa atividade. Em 29 de outubro, um dia antes de Pedro fugir de casa, ele postou um texto sobre a adrenalina das fugas da polícia. Nos comentários, uma moça que se identifica como prima comemora o fato de a liberdade dele estar próxima. Somente ontem, Leandro postou duas fotos em seu perfil. Em uma delas, aparece com duas caixas de cerveja em lata. Na outra, ao lado de duas mulheres tomando a bebida.

Atenção aos sinais
O pais e familiares dos jovens devem reforçar a atenção dada a eles. Segundo Gilberto Lacerda Santos, professor da Faculdade de Educação da UnB e doutor em tecnologia da educação, é importante a presença deles na vida e na rotina das crianças e adolescentes. “Na sociedade moderna, pais e mães estão no mercado de trabalho e se afastam do cotidiano dos filhos. Façam-se presentes, pois o distanciamento é recíproco”.

É necessário também que os adultos sejam amigos dos filhos, para estabelecer uma relação de cordialidade com o círculo de amigos deles. A “turma” exerce um poder imenso sobre os adolescentes. Outra observação valiosa é em relação ao uso de redes sociais. Ao permitir que o filho se entregue à internet, a família precisa avaliar a capacidade de autonomia dele. Isso é relativo e varia de pessoa para pessoa. Algumas redes sociais exigem idade mínima para o cadastro. E são corriqueiros os casos em que o adolescente mente a idade para ingressar na rede. Confira outras dicas:

Vigilância — A internet é uma janela para o mundo e, muitas vezes, as pessoas não se dão conta disso. Por meio dela, aparecem pessoas e situações desconhecidas. É impossível uma criança ou um adolescente ter 800 amigos. São 800 pessoas frequentando a vida desse jovem, com informações sobre o que comeu, como dormiu, onde foi e o que fez.

Escola — A escola é um aliado importante. Da mesma maneira que os pais estão distantes dos filhos por falta de tempo, também estão longe das escolas. Os professores se ressentem muito da ausência dos
pais no cotidiano das instituições.

Confiança — Não existe receita para vigiar os filhos nas redes sociais. Exigir a senha pode parecer impositivo e invasivo. O ideal é que os pais estabeleçam
uma relação de confiança.

Dicas para adolescentes e jovens nas redes sociais
» Tenha o seu próprio discernimento sobre o que é certo e errado
» Não admita como amigas pessoas que não conheça
» Não trave debate e discussões com desconhecidos
» Não se exponha demais, contando tudo sobre si mesmo, sua família e sua casa
» Não poste foto de toda e qualquer situação da sua vida

Fonte: Gilberto Lacerda Santos, professor da Faculdade de Educação da UnB e doutor em tecnologia da educação.

 

Fonte: Correio Braziliense

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