Ele conseguiu fugir durante buscas feitas em 25 de setembro em operação.
Explosivos foram apreendidos nesta quinta em casa em Samambaia.
A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu em Morro do Chapéu, na região de Irecê, na Bahia, o terceiro suspeito de tentar explodir um caixa eletrônico em uma estação do Metrô em Samambaia, no início de setembro. Ele faz parte de um grupo que instalou explosivos, tomou armas e amarrou vigilantes em uma sala, mas não conseguiu levar dinheiro porque as dinamites não explodiram.
Segundo a Delegacia de Repressão a Furtos, o homem conseguiu fugir durante as buscas realizadas em 25 de setembro na operação batizada de Hostibus – que em latim significa “o inimigo”. O delegado-chefe da DRF, Fernando César Costa, afirmou que a polícia chegou até o suspeito a partir de informações apuradas sobre a quadrilha e os presos. Quatro pessoas continuam foragidas.
A operação Hostibus cumpriu 21 mandados de prisão contra suspeitos de roubar R$ 1,5 milhão durante explosões de caixas eletrônicos no Distrito Federal neste ano. As ações ocorreram em cinco regiões administrativas: Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, Riacho Fundo e Recanto das Emas. Cem agentes participaram da atividade, que também cumpriu 26 mandados de busca e apreensão.
A ação em 25 de setembro foi a terceira fase da operação, que começou em março e resultou na prisão de outros membros da organização criminosa. Carlos Moreira, conhecido como “Caco”, foi preso suspeito de ser o responsável de montar explosivos em dois terminais eletrônicos em uma estação do Metrô de Samambaia. O crime aconteceu no dia 4.
Quinta fase
A operação desta sexta faz parte da quinta fase da operação Hostibus e teve início durante a madrugada. A organização criminosa investigada é responsável por pelo menos 22 explosões de caixas eletrônicos desde janeiro.
O chefe da Delegacia de Roubos e Furtos da Polícia Civil do DF, Fernando César Costa, afirma que 24 membros do grupo criminoso já foram identificados e há mandado de prisão preventiva expedido ou solicitado contra eles. Destes, 17 já foram presos.
“Sabíamos desde o início, quando vimos a atuação desta quadrilha em janeiro, que não ia adiantar uma ação pontual, prender pela prática de um delito. Eles seriam soltos e voltariam a atuar. Também não conseguiríamos fazer anteriormente uma operação tão grande quanto a Hostibus”, declarou.
Segundo Costa, a operação é considerada sistemática e ocorrerá por tempo indeterminado. Das 22 explosões atribuídas ao grupo, 10 tiveram retirada de dinheiro. O total roubado gira em torno de R$ 1,5 milhão, mas a polícia acredita que a maior parte tenha sido convertida em veículos.
“O início da carreira criminosa desses indivíduos foi no roubo de veículos, ou no interior dos veículos. Esses bens foram apreendidos e, por solicitação nossa, poderão ser utilizados pela Polícia Civil na repressão ao crime. Posteriormente, se houver condenação, podemos passar isso ao patrimônio da corporação”, diz o delegado.
Prisão na Bahia
O homem preso nesta sexta estava em Morro do Chapéu, cidade na Chapada Diamantina a 384 quilômetros de Salvador. Conhecido como “Zói”, ele teria fugido para a casa de familiares na Bahia após uma das fases da operação Hostibus em Samambaia, quando 14 foram detidos.
Um irmão do suspeito já havia sido preso na primeira fase da operação. Os dois são suspeitos de envolvimento na explosão de caixas eletrônicos na estação do Metrô de Samambaia, em 4 de setembro. A tentativa de acesso aos cofres no local falhou e nenhuma quantia foi levada, segundo a polícia.
Explosivos
Os explosivos apreendidos nesta sexta pertenciam a suspeitos que já tinham sido presos em outras fases da operação. Parte do material estava em uma residência na QR 212 em Samambaia, onde os artefatos já estavam montados com detonadores.
Um conjunto semelhante ao usado em pelo menos 13 explosões de terminais foi encontrado nas proximidades do Assentamento 26 de Setembro, entre Brazlândia e Taguatinga. O grupo antibombas da Polícia Federal foi acionado em ambos os casos para garantir a preservação dos vestígios.
Grupo complexo
O chefe da delegacia especializada afirma que a quadrilha tem organização altamente hierarquizada e se revezava nas funções a cada crime. As penas devem variar entre 15 e 70 anos de prisão para cada integrante, de acordo com a atuação de cada um no esquema.
Segundo o delegado, o grupo é responsável por todas as explosões bem-sucedidas, quando as cédulas não foram danificadas. O acesso aos cofres instalados nos caixas eletrônicos é impedido por uma série de dispositivos de segurança. Na maior parte dos casos, os explosivos danificam a carcaça do terminal, mas não atingem o compartimento de cédulas.
“O que ocorre hoje no DF é que, até por nossa posição geográfica, acabamos servindo de rota de passagem de drogas, armas e explosivos. Parte permanece aqui e começa a ser usada em ações ‘aventureiras’. Não são indivíduos organizados”, afirma Fernando César Costa.
Lavagem da grana
Em junho, a Polícia Civil prendeu um homem no Recanto das Emas e uma mulher em Ilhéus (BA), suspeitos de envolvimento com o mesmo grupo. A dupla era suspeita de dar apoio às explosões na reitoria da UnB, em abril; em um prédio comercial na quadra 115 Sul, em maio; e em um posto de gasolina em Taguatinga, no mesmo período.
Na época, os policiais não ofereceram detalhes sobre o papel dos suspeitos no crime. Nesta sexta, Costa afirmou que eles participavam da lavagem do dinheiro roubado. Eles já foram soltos e estão respondendo em liberdade.
“Essas pessoas estavam recebendo dinheiro em uma residência em Samambaia e dividindo em pequenos depósitos, mesclando essas notas com sinais de roubo entre cédulas normais. Estão em liberdade, mas a autuação foi fundamental para que a gente conseguisse desvendar a atuação.”
Fonte: G1 – Distrito Federal