Apesar da diminuição geral nos registros de crimes, ações contra comércio e porte de entorpecentes cresceram nos sete primeiros meses do ano. Forças de segurança apontam maior presença de policiais nas ruas como explicação para os números

O número de ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas no DF nos primeiros sete meses deste ano é 51,2 % maior que no mesmo período de 2014. Os dados fazem parte de estudo realizado pela Secretaria de Segurança Pública e Paz Social do Distrito Federal (Sespps). Os registros de uso e porte de entorpecentes também aumentaram consideravelmente. Foram 77,4% a mais de casos em relação a 2014.

Em alguns locais, o crescimento se mostrou ainda mais expressivo. No Guará, por exemplo, a polícia registrou 48 casos de tráfico no primeiro semestre, um aumento de 65,5% em relação ao mesmo período de 2014. O porte e uso de drogas foi relatado em 297 vezes, representando acréscimo de 219,4% na região. No Lago Sul, o salto nas ocorrências de porte e uso de entorpecentes foi recorde. De sete apreensões no primeiro semestre de 2014, o número passou para 95 no mesmo intervalo deste ano — mais de 13 vezes maior.

O aumento de policiais e de operações específicas é uma das explicações para os números. “A Polícia Militar intensificou as abordagens em relação a esses crimes, enquanto a Polícia Civil tem mudado sua sistemática e atuado contra quadrilhas inteiras de traficantes, em vez de prender apenas um criminoso por vez. Além disso, os estudos de manchas criminais e de horários e datas de crimes realizados pela secretaria ajudam no planejamento mais eficiente das ações policiais”, explica Arthur Trindade, secretário de Segurança do Distrito Federal.

A intensificação no combate às drogas é confirmada pelo porta-voz da Polícia Militar, capitão Michello Bueno. “Desde o começo do ano, são 1,7 mil policiais a mais nas ruas e a indicação é de tolerância zero, detendo os criminosos independentemente da quantidade de droga apreendida”, destaca o militar.

Há, entretanto, uma diferença de visões se o crescimento das ocorrências corresponde ou não a um aumento dos crimes. “É difícil afirmar se houve mais tráfico, uma vez que não há como mensurar a criminalidade. O que os números mostram é um índice de produtividade da força policial nesses casos”, diz. Michello Bueno, da PM, acredita que há mais portadores de drogas nas ruas hoje em dia do que em anos anteriores. “Nós percebemos um aumento no número, principalmente de usuários. Um dos fatores que contribuem para a alta é a Lei nº 11.343, de 2006, que prevê que os usuários devem cumprir apenas medidas socioeducativas ou prestação de serviços sociais, em vez das penas de privação de liberdade”.

A opinião do porta-voz da PM é reforçada por comerciantes de áreas afetadas pelo crime. “De um ano para cá, vemos mais policiais na região. Mas ainda é frequente observarmos pessoas usando drogas nos arredores”, conta Antônio Marcos Barbosa, gerente de uma loja no Setor Comercial Sul, uma das áreas indicadas como foco de tráfico e consumo de drogas, segundo estudos da Sespps.

 

Fonte: Correio Braziliense

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