Um monitoramento feito diariamente há mais de um ano pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas (Dapp) da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que menções relacionadas à segurança pública nas redes sociais – Facebook e Twitter – superam temas como educação e saúde. O estudo foi apresentado hoje (29) no 9º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na sede da FGV, no Rio de Janeiro.
“As menções à segurança pública vêm aumentando nas redes sociais, regularmente e gradativamente, a ponto de ser o tema, entre os que monitoramos, que tem mais menções em média”, disse o pesquisador Amaro Grassi.
O estudo revela que os crimes de roubo e homicídio são os mais mencionados pelos internautas de cinco estados e do Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, chega a 57,9% o percentual de menções a roubos em relação ao total de crimes. No Distrito Federal, 32,7% das menções referem-se a homicídios, o maior patamar entre os estados mostrados. Em Minas Gerais, chegam a 16,37% as menções a estupro.
No início de 2014, as citações à segurança pública estavam, em média, abaixo de 40 mil por dia, passando à frente do tema educação, que ocupava o segundo lugar. No fim de junho, o tema segurança superou as 60 mil menções médias diárias. A pesquisa leva em conta apenas postspúblicos de perfis em redes sociais como Twitter e Facebook.
Na terça-feira (28), o monitor da Dapp apontou mais de 49 mil menções à segurança pública. Em segundo lugar, ficou o tema protestos, com 23 mil menções, seguido por educação, com 14 mil, e corrupção, 13 mil. Saúde, com 12 mil, e transportes, com mil, foram os menos mencionados.
Para Amaro Grassi, as redes sociais favorecem a difusão da informação, “mas não necessariamente o debate”, porque as posições acabam ficando isoladas. Ele identifica uma polarização, na internet, entre menções contrárias e favoráveis a medidas de repressão ao crime, como a redução da maioridade penal. “Existe hoje uma polarização, não só em relação à segurança, mas também em relação ao debate político”, afirmou.
A pesquisa da FGV mostra ainda que as palavras educação, escola e governo estão entre os mais relacionados à segurança. Segundo Grassi, a associação é recorrente tanto entre os que defendem o aumento da repressão ao crime quanto entre os que preferem soluções alternativas. “Essa percepção é comum entre essas duas posições mais consolidadas.”
O estudo indica que também cresceu a insatisfação dos internautas em relação aos serviços públicos da área de segurança. Em uma pesquisa de opinião feita em outubro do ano passado, 76% dos entrevistados se disseram muito insatisfeitos ou insatisfeitos com os serviços públicos de segurança, percentual que subiu para 82% em abril deste ano. Os muito satisfeitos ou satisfeitos caíram de 14% para 9%.