Policiais civis preparam “operação padrão” para a próxima terça (26)

Antes de decretar greve, categoria decide emitir um alerta ao GDF: na próxima terça-feira (28), apenas flagrantes serão registrados nas 31 delegacias espalhadas pelo DF

Os policiais civis do Distrito Federal ameaçam entrar em greve se o governo local não nomear logo os quase 500 aprovados em concurso para a corporação. Eles aguardam resposta do Executivo há um ano.

Em assembleia na tarde desta quinta-feira (21), cerca de 400 policiais decidiram, sem grandes resistências, emitir um sinal de alerta na próxima terça-feira (28), quando apenas flagrantes serão registrados nas 31 delegacias de polícia espalhadas pelo DF. Em suma, somente ocorrências criminais serão levadas a sério pelos agentes.

O ato da próxima semana, nas entrelinhas, representará um ultimato ao governo do DF. Os servidores querem, antes de qualquer coisa, sensibilizar as autoridades e a população para o baixo efetivo da polícia. Segundo o sindicato da categoria, o Sinpol, o déficit atual é de 47%. Ou seja, a polícia da capital do país teria apenas pouco mais da metade do total de pessoas considerado ideal.

Déficit

Dados levantados pelo sindicato e distribuídos entre os participantes da assembleia indicam que, desde 1993, a população do DF saltou 75%, enquanto, no mesmo período, o quadro da Polícia Civil avançou quase quatro vezes menos: 20%.

“O nosso problema de falta de efetivo está diretamente associado à sensação de insegurança da população do DF”, resume o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco.

A principal cobrança feita ao governo é justamente a nomeação, o quanto antes, dos quase 500 aprovados em concurso, que já passaram, inclusive, por formação e treinamento na academia de polícia. “Estão prontos para trabalhar. Falta somente vontade política”, sustenta Franco.

No início da assembleia, que durou quase três horas, um dos sindicalistas bradou ao microfone, do alto do carro de som estacionado em frente ao Palácio do Buriti: “Governador! O senhor já começou a trabalhar?”. Passados quase cinco meses de nova gestão, os policiais avaliam que nada foi feito pela categoria.

“Governo engessado”

Durante a campanha eleitoral, no ano passado, o então candidato pelo PSB Rodrigo Rollemberg prometeu, se eleito, convocar os aprovados em concurso. “A verdade é que o discurso de arrocho por conta da situação financeira ruim engessou o governo”, avalia Franco. “Quem sofre com essa postura do Executivo é a população”, acrescentou.

O Sinpol-DF acredita que as negociações com o governo possam avançar nos próximos dias, evitando, assim, a deflagração de uma greve geral por tempo indeterminado. A próxima assembleia está marcada para 1º de julho.

Além da falta de pessoal – que torna os plantões “insustentáveis”, na definição dos policiais –, o ato da próxima terça-feira reivindicará melhorias na estrutura das delegacias e ajustes na atribuição de tarefas, na intenção de tornar o atendimento mais célere.

Fonte: Fato Online