Do Metrópoles
O que se mostrou no dia da Operação (12:26), realizada na última terça-feira (7/8), foi apenas ínfima parte de uma suposta organização criminosa envolvendo pessoas ligadas diretamente ao governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). No centro do escandaloso esquema está o irmão mais novo do chefe do Executivo local, Carlos Augusto Sobral Rollemberg.
Alvo de interceptações telefônicas da Polícia Civil a partir de autorização judicial, o advogado Guto — como descrito nos autos do Inquérito nº 386/2018 –, é caracterizado como “ponto focal” de diversas ingerências junto à administração pública e com alto poder de “motricidade” perante o governo, embora não exerça nenhum cargo no GDF. O Metrópoles teve acesso à íntegra da investigação e a revela com exclusividade.
A partir de uma série de diligências, como escutas telefônicas, campanas que flagraram encontros, análise de documentos e depoimentos colhidos, a Polícia Civil concluiu que há envolvimento de 10 pessoas no esquema de tráfico de influência, advocacia administrativa, além de indícios de prática de corrupção.
Nove dos 10 alvos da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública (Cecor) são: Carlos Augusto Sobral Rollemberg, Luiz Fernando de Souza Messina, Leonardo Rocha de Almeida Abreu, Guilherme Rocha de Almeida Abreu, Marcello Nóbrega de Miranda Lopes, Flávio Dias Patrício, Hermano Carvalho, Augusto Diniz, Marcos Woortmann. Um dos investigados morreu em julho.
Segundo o delegado que coordena a Operação (12:26), Fernando César Costa, “saltam aos olhos os indícios que o acordo ilícito está assentado de forma duradoura, haja vista que há atos concretos de crimes praticados pelos investigados há aproximadamente três anos, com ocorrências destacadas em 2015, 2017 e 2018”.
De acordo com o processo que soma 195 páginas, “cada um em seu campo de atuação, em clara divisão de tarefas, praticou diversos atos visando beneficiar particulares perante a administração pública”. A peça segue salientando que o esquema se estrutura “em grupo central relativamente rígido para administração das atividades criminosas”.
No âmbito do Inquérito Policial nº 386/2018, os delegados da Cecor descrevem sete episódios que comprovariam, segundo sustentam, a existência da organização criminosa gerenciada a partir do coração do GDF, a poucos metros de onde despacha o governador. Em função das interceptações telefônicas de seu irmão Guto, Rollemberg também caiu no grampo.
A partir do detalhamento das investigações, constatou-se que o suposto esquema criminoso estava enfronhado nas mais diferentes áreas do governo, entre as quais as secretarias de Saúde, Território e Habitação, Justiça, Casa Civil, além da Companhia Energética de Brasília (CEB) e das administrações regionais do Lago Norte e de Águas Claras.
Há ainda várias repartições que tangenciam as apurações centrais da polícia, como as da Procuradoria-Geral do DF, Controladoria-Geral do DF e Consultoria Jurídica do governador.
Confira a íntegra no Metrópoles