Do Metrópoles

Quase 36 horas depois da explosão de caixas eletrônicos no Anexo do Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal, ninguém ainda foi preso pela Polícia Civil. Pelo menos três homens foram vistos participando da ação e um deles estava fortemente armado, com fuzil. Segundo a Divisão de Comunicação da corporação, não há novidades sobre o caso.

“Foi uma cena que jamais vou esquecer. Um barulho muito alto. Meu ouvido dói até agora. Vi um homem saindo com fuzil. Ele deu três disparos. Um acertou a lâmpada do poste”. A declaração de um vigia de carros, que testemunhou a explosão, revela que os bandidos não se intimidam em agir nas barbas do poder e reforça a sensação de insegurança dos brasilienses.

Com a violência tão perto, servidores do GDF estão apreensivos. Maria Célia, 50 anos, que trabalha no prédio há uma década, conta ter sentido medo. “Nós nunca passamos por isso aqui antes. É ruim, né? Sabemos que eles não agem à luz do dia. Mas a gente se sente triste por saber que o lugar que trabalhamos está inseguro e, após a explosão, deteriorando”, disse nesta quarta-feira (25/7).

O analista João Marcos Ferreira também destacou a insegurança até mesmo no local de trabalho: “Temos receio de novos ataques. Se uma coisa dessas acontece aqui, imagina em outras áreas isoladas”.

“Tenho medo da violência em geral, não apenas de explosões de caixas eletrônicos. Infelizmente, não existe o que possa ser feito, porque há assaltos em toda a cidade”, reclamou outra servidora que pediu para não ter o nome divulgado, temendo represálias da chefia.

Durante a manhã, funcionários retiravam o que restou dos equipamentos na área ainda interditada.

Armados com fuzil

Na madrugada de terça-feira (24), criminosos explodiram dois caixas eletrônicos por volta das 3h40. Os equipamentos estavam instalados na área do restaurante dos servidores. De acordo com a Polícia Militar, os suspeitos fugiram em um Pálio branco.

Após deixarem o local destruído, eles atiraram pelo menos duas vezes para intimidar quem se aventurasse a enfrentá-los. Na área da explosão, foram encontradas cápsulas de munição pesada, 5,56mm.

A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social informou que houve quatro arrombamentos de caixas eletrônicos no Distrito Federal, entre janeiro e 24 de julho. No mesmo período de 2017, foram 13. Dos quatro casos, em três os criminosos conseguiram abrir o compartimento do caixa e levar o dinheiro. Na outra ocorrência, houve apenas a tentativa do crime. Os ataques a caixas eletrônicos, com uso de maçarico, pé-de-cabra e explosivos ocorreram em Ceilândia e em Brasília.

Vigilância em xeque

A reportagem apurou que o acesso ao Anexo do Palácio do Buriti fica sem vigilância durante a madrugada. Uma guarita, a 200 metros do local, é o único ponto de controle. Todos os funcionários serão ouvidos pela PCDF para identificar se houve falhas ou conivência.

Um funcionário, na condição de não se identificar, disse que, durante a manhã, nove vigilantes fazem a segurança no Anexo. À noite, quatro são lotados no Palácio do Buriti. “Tinha apenas um segurança na guarita quando tudo aconteceu. Ele estava armado com um 38. Os bandidos estavam encapuzados e fortemente armados. Atiraram para que ele voltasse para dentro da guarita”, contou outra testemunha.

Imagens do circuito interno do restaurante mostram dois criminosos na área de entrada. Um deles faz uma abertura nos caixas eletrônicos com o auxílio de um pé-de-cabra. O outro coloca explosivos. A gravação é interrompida no momento em que uma das bombas explode.

Cerca de R$ 6 mil foram deixados pelos bandidos no local da explosão. Não há estimativa do valor levado.

Veja vídeo que mostra a explosão dos caixas eletrônicos:

As dificuldades do caso, segundo os policiais, estão no modus operandi de crimes relativos a explosões de caixas eletrônicos. Vestígios destruídos, horário de ação e profissionalismo dos autores atrasam a atividade investigativa.

A Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Distrito Federal instaurou procedimento de investigação preliminar para apurar a explosão.

Por meio de nota, a Secretaria de Planejamento informou que o procedimento de investigação preliminar deve “apurar se ocorreram falhas administrativas durante a vigilância da noite”, pois o Anexo do Palácio do Buriti “conta com cinco postos de vigilância por turno, sendo quatro vigilantes armados e um desarmado”.

Ainda conforme a pasta, embora não tenham função de vigilância, dois brigadistas reforçam a equipe da área de segurança que permanece nas instalações do Executivo no período noturno. Eles “auxiliam em emergências, como atendimento dos vigilantes”, encerra a comunicação.

 

Filiação