Do Metrópoles
Embora muito tenha reclamado da “herança maldita” bilionária deixada pelo governo de Agnelo Queiroz (PT), a seis meses do fim de seu mandato de quatro anos, Rodrigo Rollemberg (PSB) ainda deve milhões a fornecedores. Somente com as empresas de ônibus do transporte público da capital da República, a pendência financeira acumulada durante o comando do socialista superou a dívida petista em 27%.
O débito do Governo do Distrito Federal (GDF) está em torno de R$ 122 milhões. A administração anterior deixou um passivo de R$ 96 milhões. Deste total, R$ 56 milhões foram pagos e R$ 40 milhões estão sub judice, de acordo com dados do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans).
Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Jorge Farias afirma que a dívida é ainda maior. O débito, segundo ele, sempre é mencionado pelas empresas na data-base, época do ano em que patrões e empregados discutem reajuste salarial e benefícios. De acordo com o sindicalista, em 2015 o GDF tinha R$ 50 milhões a pagar. Em 2017, a cifra teria subido para R$ 200 milhões.
A data-base de 2018 está marcada para agosto. Entretanto, os profissionais esperam que o débito seja colocado na mesa novamente, como uma justificativa para não se atender ao pleito da categoria. Caso não se chegue a um consenso, pode sobrar até para os usuários, pois os rodoviários costumam entrar em greve quando as negociações empacam.
“Na verdade, o sindicato não faz nenhum movimento paredista para que os empresários cobrem a dívida. O que pode acontecer é os donos das empresas tirarem algum proveito e não darem reajuste. Aí, os trabalhadores vão entrar em greve” Jorge Farias, presidente do Sindicato dos Rodoviários
Piracicabana, Pioneira, Marechal, Expresso São José e Urbi são responsáveis por atender a população brasiliense. Os contratos com as empresas de ônibus foram assinados em 2012 e 2013. O acordo tem duração de 10 anos.
O outro lado
O DFTrans assegura que a dívida com as companhias não deve impactar os preços das passagens. Reforçou, ainda, não haver previsão de reajuste no valor da tarifa neste ano e disse que o débito atual será quitado até o fim de 2018.
As empresas preferiram não se manifestar.
A herança maldita
A dívida com fornecedores herdada pelo governo Rollemberg era de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Em três anos, foram quitados cerca de R$ 853 milhões, segundo a Secretaria de Fazenda. A promessa do Executivo local é sanar o restante em seis meses, ou seja, até o fim do mandato.
Entre os setores que reclamam da falta de pagamentos, estão tecnologia e construção civil. Na área de tecnologia da informação (TI), empresários cobram em torno de R$ 150 milhões referentes a contratos assinados pela gestão anterior, de acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF), Marco Túlio Chaparro. Só no âmbito da saúde, o débito é estimado em R$ 10 milhões.
“Tem muita dívida de 2014 que algumas companhias estão começando a receber. A gente não sabe por que exatamente agora, coincidentemente em ano de eleição” Marco Túlio Chaparro, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF)
Ainda há passivos com empresas da construção civil. Segundo o presidente da Associação Brasiliense de Construtores (Abrasco), Afonso Assad, a dívida do governo petista ainda é de R$ 110 milhões: R$ 50 milhões junto à Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap); R$ 50 milhões do Serviço de Limpeza Urbana (SLU); e R$ 10 milhões das secretarias de Saúde, Educação e Infraestrutura. De acordo com Assad, os empresários esperam receber em breve.
Pagamento
Dos mais de R$ 300 milhões a serem pagos ainda em 2018, R$ 180 milhões são de despesas da Secretaria de Saúde, informou a Fazenda. O restante diz respeito a valores devidos em áreas como infraestrutura, mobilidade, comunicação, educação, na Novacap e no SLU. Além de recursos para a Saúde, foram desembolsados R$ 50 milhões em 2018, ressaltou a pasta.
Segundo o Governo do Distrito Federal, porém, não há qualquer relação dos pagamentos de fornecedores com o calendário eleitoral. “Deve-se ressaltar que [tais repasses] só foram possíveis após um amplo trabalho de equilíbrio fiscal implementado após 2015”, reforçou.
A coordenadoria de Tecnologia da Informação da Secretaria de Saúde informou que “as dívidas com as empresas de TI são relacionadas a processos de improbidade das gestões anteriores, mais especificamente aos ligados a escândalos como o da Caixa de Pandora e entre 2010 e 2014, quando o GDF foi afetado pela falta de recursos”.