Após o caso de um investigador da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ter sua vida ameaçada por criminosos depois de ter seus dados pessoais vazados por um policial penal que compactuava com o grupo, o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) alerta sobre a vulnerabilidade dos sistemas restritos das forças de segurança, que contêm dados de policiais civis que atuam, por exemplo, contra o crime organizado.
Os criminosos em questão são integrantes de uma quadrilha de fraudadores de seguros de veículos, que estava sob investigação da PCDF. O agente de polícia ameaçado era da unidade que coordenava a operação. Com as informações do policial em mãos, os criminosos chegaram a ir à casa do investigador em uma tentativa de intimidá-lo. As apurações apontam, ainda, que a morte dele estaria sendo articulada pelo grupo.
Segundo o presidente do Sinpol-DF, Enoque Venancio de Freitas, o caso em particular, que ocorreu na semana passada, não é isolado. Ele afirma que policiais civis, principalmente os que atuam no combate ao crime organizado, são constantemente ameaçados por integrantes de facções. Em 2023, mais de 120 prisões de criminosos ligados a facções criminosas foram realizadas por policiais civis do DF, afirma o sindicalista.
“Há anos, essas quadrilhas tentam incessantemente fixar suas cúpulas na capital federal, como já estabelecidas em outras unidades federativas do país. No entanto, todas as tentativas dos criminosos são frustradas pelos policiais civis, que são exemplares no combate desses grupos. Por essa razão, os investigadores são constantemente ameaçados”, explicou Enoque.
Ele ressalta que a utilização dos sistemas da PCDF por outras instituições é uma questão que precisa ser revista com urgência e alerta para a necessidade de maior proteção dos dados pessoais dos policiais civis, pois são eles os responsáveis por investigar e combater as facções criminosas e estão expostos a todo tipo de risco, que se estende para além do próprio servidor, atingindo também suas famílias.
“A vulnerabilidade desses dados expõe os policiais civis a riscos diretos. Além das ameaças, os policiais civis lidam com a pressão emocional e psicológica decorrente do trabalho intenso, déficit no quadro e das situações de risco inerentes da função de investigador, como exposição a cenas de violência, a necessidade de tomar decisões rápidas em situações perigosas e a pressão por resultados”, destacou.
O Sinpol-DF também afirmou que buscará uma agenda com o secretário da Segurança Pública do DF (SSP-DF), Sandro Avelar, para discutir a implementação de medidas efetivas que garantam a segurança dos dados pessoais dos policiais civis, destacando a necessidade de proteção da integridade física dos servidores e seus familiares.