Um grupo de mulheres policiais civis cuja trajetória contribuiu para o enaltecimento da Polícia Civil do DF (PCDF) foi homenageado nesta segunda, 13, em uma solenidade alusiva ao Dia da Mulher Policial no DF, celebrado no dia 6 de setembro.
O evento foi organizado em uma parceria do gabinete do deputado distrital Claudio Abrantes (PDT) com a diretoria do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), seguindo os protocolos de prevenção à Covid-19.
A data, instituída por lei distrital, rememora um episódio trágico na PCDF: a morte em serviço da escrivã Jozinei Cirqueira Carvalho, em 2006. A solenidade deste dia, de acordo com Alex Galvão, presidente do Sinpol-DF, exalta a importância e a necessidade cada vez maior de valorização da presença feminina na carreira policial.
“Da nossa base de filiados, 27% são mulheres – e, destas, 59% são policiais civis da ativa. É uma parcela que precisa ser valorizada, mas, sobretudo, reconhecida em suas peculiaridades. É necessário que a Polícia Civil repense o seu ambiente de trabalho adequando ao que elas precisam. Essa mesa, hoje, foi montada pensando no que ainda precisamos buscar por elas”, afirmou.
As 12 homenageadas foram escolhidas considerando a biografia e a representatividade entre cargos, ativas e aposentadas (confira detalhes da biografia de cada uma delas ao fim desse texto).
Entre elas está Ameluiza Leal dos Reis, que foi a primeira policial civil mulher da PCDF. Um vídeo que conta parte da história dela, produzido pelo sindicato, foi exibido no início da solenidade. Confira o vídeo abaixo!
Todas as homenageadas receberam uma Moção de Louvor da Câmara Legislativa do DF (CLDF) concedida pelo gabinete de Abrantes e uma condecoração do Sinpol-DF.
“A dedicação da mulher policial é diferenciada. Elas têm o cuidado, a preocupação de fazer o que é certo. A polícia, as forças de segurança de um modo geral, ganharam muito com a presença feminina; isso é inegável. A moção é uma simples homenagem e reconhecimento desse trabalho”, discursou o deputado.
Além de Abrantes e de Galvão, acompanharam a solenidade a deputada federal Celina Leão (PP), a secretária da Mulher do GDF, Ericka Filippelli, a presidente da Associação Nacional das Mulheres Policiais (Ampol), Creusa Camelier, o diretor-geral da PCDF, Robson Cândido, o chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública, Thiago Costa e o chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Social, Alexandre Natã Vicente.
FORÇA E DEDICAÇÃO
Celina Leão parabenizou o Sinpol-DF pela solenidade e reiterou o quanto a força e dedicação das mulheres policiais precisa de iniciativas como essa. “Cada um de vocês aqui sai de casa sem saber se vão retornar. Mas essas mulheres, que a gente homenageia nesta tarde, além de fazer esse trabalho duro, ainda acumulam tantas outras atividades. Muito me honra estar aqui”, comemorou.
Para Ericka Filippelli, a homenagem concedida neste dia representa o somatório do carinho e da valorização de cada uma das mulheres policiais. “Esperamos, em breve, termos muito mais mulheres policiais nesta corporação. Eventos como esse simbolizam não só o reconhecimento da sociedade, mas da importância do papel que cada uma delas assume e, claro, da luta pela igualdade”, afirmou a secretária.
A desigualdade entre homens e mulheres foi, também, o ponto central do discurso de Alexandre Vicente, que representou a secretária e primeira-dama Mayara Noronha. “Ainda vivemos em um país de desigualdade, mas tenho orgulho de dizer que, na minha carreira, testemunhar mulheres em posição de poder foi uma regra. Esse é o mundo em que a gente sonha: ver naturalidade na posição que qualquer mulher queira ocupar”, frisou.
DESAFIOS NA CARREIRA
Thiago Costa, chefe de gabinete da SSP (ele representou o secretário Júlio Danilo no evento) e delegado da PCDF, ponderou que a carreira policial é ainda mais desafiadora para as mulheres.
Costa, que é casado com uma policial civil, considera que a denominação de “guerreira”, muitas vezes colocada sobre elas, representa a realidade. “Os sacrifícios impostos às mulheres são muito maiores. O Dia da Mulher Policial no DF é especial nesse sentido”, explicou.
Entre esses desafios, segundo Creusa Camelier, esteve, por muitos anos, o reconhecimento da aposentadoria em condições que respeitassem as peculiaridades das mulheres – uma luta que foi iniciada em 2001 e vencida apenas em 2014.
Segundo a presidente da Ampol, as mulheres policiais civis do DF exerceram uma contribuição fundamental para que esse pleito fosse atendido pelo Congresso Nacional. O resultado, inclusive, teve reflexo para todos os policiais civis do país. “Essa vitória nasceu aqui. É motivo de orgulho para essa instituição ter essas mulheres policiais em seus quadros”, completou.
VOCAÇÃO
O diretor-geral da PCDF, Robson Cândido, destacou que, nos últimos concursos públicos, o número de inscritas têm sido cada vez maior. “No certame atual, 40% das inscrições vieram de mulheres. Mais uma vez, elas estão provando que são vocacionadas para a carreira policial e isso muito nos honra”, disse.
Ao finalizar a solenidade, o presidente do Sinpol-DF reiterou o compromisso da atual diretoria em lutar pela manutenção de conquistas históricas das mulheres. “Elas foram as mais prejudicadas com a Reforma da Previdência. Por isso, vislumbramos na luta contra a Reforma Administrativa um caminho para recuperar essas perdas. Ainda há muito a conquistar e posso dizer que vocês podem contar conosco para isso”, assegurou Galvão.
HOMENAGEADAS
Anelise Krause Guimarães Costa – Ingressou na PCDF em 2005, no cargo de Agente Policial de Custódia. Formada em odontologia com especialização em odontologia em saúde coletiva, odontologia legal e bioética. Possui mestrado em Bioética pela Cátedra UNESCO de Bioética da UNB. Diretora Administrativa do IML.
Erika Cristina Custódio Viana – Ingressou na PCDF em 2002, no cargo de Agente Policial de Custódia. Formada em educação física pela Universidade Católica de Brasília. Especialista em Segurança Pública e Cidadania pela UNB. Trabalhou, entre outras unidades, na Diretoria Penitenciária de Operações Especiais. Diretora da Divisão de Armamentos e Explosivos.
Jemima de Jesus Santos – Papiloscopista Policial. Formada em Direito. Atuou nas ações de campo, trabalho de identificação e apoio logístico na missão de busca às vítimas do acidente aéreo ocorrido com o voo 1907 da empresa Gol, na região amazônica no ano de 2006. Membro do corpo docente da Escola Superior de Polícia da PCDF e da SENASP. Chefe de Seção de Exames e Perícia Papiloscópica Avançada.
Jurema Aparecida Pereira de Morais – Papiloscopista Policial Veterana. Formada em administração e biologia. Pós graduada em Língua Portuguesa. Atuou no trabalho de identificação das vítimas do acidente aéreo ocorrido com o voo 1907 da empresa Gol, na região amazônica no ano de 2006. Atuou no atendimento às vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais no ano de 2019.
Luciana de Oliveira Ribeiro – Escrivã de Polícia Veterana, ingressou na PCDF em 1995. Atuou em diversas unidades circunscricionais e como chefe do serviço de correição física da CGP. Instrutora do Curso de Formação Policial em 2014. Diagnosticada com LER e fibromialgia teve de enfrentar as restrições físicas que lhe foram impostas. Aposentou-se em 2018, após 23 anos na PCDF.
Marina Passebon Sant’anna – Escrivã de Polícia, ingressou na PCDF em 2009. Formada em medicina veterinária. Atuou em diversas unidades circunscricionais.
Renata Guilhões Barros Santos – Agente de Polícia, formada em pedagogia pela Universidade de Brasília (UnB). Mestranda em educação pelo Instituto Federal de Brasília (IFB). Especialista em Gestão Educacional pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Instrutora internacional da Sociedade Policial de Aprendizagem Baseada em Problemas (PSPBL). Chefe da Seção de Pesquisa e Doutrina e de coordenação pedagógica geral dos cursos superiores da ESPC.
Rosimeire Gonçalves dos Santos – Agente de Polícia Veterana. Formada em administração pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e Direito pela Unieuro. Pós graduada lato sensu em Atividade Policial Judiciária e Direito Penal pela Faculdade Fortium. Atuou no grupo de repressão ao crime de estupro da Delegacia da Mulher. Atuou nas seções de investigação de crimes violentos em diversas unidades.
Zildinai França de Oliveira – Perita Médica-Legista da PCDF. Formada em medicina pela Universidade de Brasília (UnB). Conselheira do Conselho Regional de Medicina. Presidente fundadora da Sociedade para o Estudo da Dor no DF. Diretora da Policlínica da PCDF.
Paula Kimie Fernandes Shimabuko – Perita Criminal.
Jozinei Cirqueira Carvalho (in memoriam) – Escrivã de Polícia.
Ameluiza Leal dos Reis – Agente de Polícia.