Exclusão dos policiais civis da “xepa” da vacina deve ser rechaçada, defende o Sinpol-DF

O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) repudia veementemente a medida adotada pela Secretaria de Saúde do DF que exclui a categoria da vacinação com as doses remanescentes de vacinas contra a COVID-19 (a chamada “xepa”).

A decisão veio a público na última segunda, 5, por meio da Portaria 78, assinada por Pedro Sanchez, secretário-adjunto de Assistência à Saúde da pasta.

No documento, Sanchez determina que a “xepa” da vacina deverá ser usada apenas nos servidores que prestam apoio aos postos de saúde e à equipe de vacinação. Confira abaixo a íntegra do texto:

Desta forma, visando dar maior transparência no uso dessas doses, mitigar à pressões sofridas pelas equipes vacinadoras, reduzir as aglomerações que se formam na espera dessas doses no momento final das atividades vacinais, atender a recomendação do Ministério da Saúde de Contemplar o grupo prioritário e não desperdiçar doses, DETERMINAMOS:

O uso das doses remanescentes de vacina contra a COVID-19, PRIORITARIAMENTE, nos profissionais das forças de Segurança Pública do Distrito Federal QUE ESTIVEREM apoiando a organização das atividades das equipes de saúde, seguindo a ordem de idade desses profissionais, e, sempre, no entendimento do coordenador da sala de vacina que é a autoridade sanitária presente e a quem cabe a incubência de definir o entendimento das prioridades para uso dessas doses.

Na avaliação da diretoria do Sinpol-DF, a decisão é lamentável e deve ser rechaçada, uma vez que faz uma distinção entre os servidores da Segurança Pública quando todas as categorias estão atuando na linha de frente no combate à pandemia e estão altamente expostas ao coronavírus.

Há muito, o sindicato vem alertando que os policiais civis, hoje, lideram o índice de contaminação entre todas as demais categorias: 15,47%.

Esse dado indica que eles têm três vezes mais chances de contágio do que o cidadão comum e chama ainda mais a atenção quando comparado com os servidores da Saúde, cujo índice de contaminação é de 10%.

O risco ao qual a categoria está submetida é inerente às atividades realizadas diariamente no âmbito da Polícia Civil do DF, seja no atendimento nas delegacias, nas ações e operações policiais, escoltas de presos, perícias, entre outras que colocam esses servidores em contato direto com milhares de pessoas, todos os dias.

Isso sem contar a inclusão dos policiais civis na operação Toque de Recolher, que tem fiscalizado o cumprimento das medidas de restrição decretadas pelo Governo do DF.

Já está evidente que o número de doses para a vacinação tradicional, iniciada na última segunda, 5, é insuficiente: foram disponibilizadas apenas 350 doses para um efetivo que soma mais de quatro mil policiais.

A vacinação com as doses remanescentes, portanto, poderia auxiliar no aumento do número de servidores imunizados e, assim, reduzir o impacto que a pandemia – e a atual situação do DF – tem sobre os serviços prestados à população.

Os problemas pontuais surgidos até aqui na vacinação com doses remanescentes são decorrentes da conduta dos profissionais dos postos de vacinação em escolher, sem critérios objetivos, quem deve ser vacinado ou não.

O Sinpol-DF acredita que se houvesse uma real preocupação em contornar essa situação e imunizar todos os servidores da Segurança Pública, a aplicação da “xepa” da vacina poderia, por exemplo, ser dividida entre as forças e cada uma delas poderia recebê-la em uma unidade de saúde específica.

“Os policiais civis não pararam um minuto sequer durante a pandemia, uma vez que não é possível fazer Segurança Pública por teletrabalho; não é possível conduzir investigações e desarticular quadrilhas por teletrabalho. O enfrentamento à COVID-19 passa, também, pela imunização dos policiais civis. Esperamos que a Secretaria de Saúde reveja essa medida e resolva esse problema. A xepa deve ser universalizada para toda a Segurança Pública”, defende o presidente do Sinpol-DF, Alex Galvão.

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