A votação na noite da última terça, 9, do texto da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados, sem alterações em relação ao que foi aprovado no Senado Federal, levou a União dos Policiais do Brasil (UPB) a realizar uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta, 10, para protestar contra o governo.

Representantes das 24 entidades que integram a UPB – entre elas, o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), representado pelo presidente, Alex Galvão – participaram do pronunciamento.

Aos jornalistas de veículos nacionais, os representantes das entidades lamentaram os sucessivos ataques que vêm sofrendo desde 2018 (ainda no Governo Temer) e que continuaram após a eleição de Jair Bolsonaro (Sem Partido), ainda que ele tenha firmado compromissos com a Segurança Pública.

Todos foram unânimes em não só condenar o teor da PEC, mas também o desprezo com os servidores da área que estão na linha de frente do combate ao crime, mesmo em meio à maior crise sanitária da história. Para a UPB, o governo promete uma coisa publicamente e nos bastidores se articula de outra maneira.

Coletiva de imprensa apresentou posicionamento da UPB diante da aprovação da PEC Emergencial na Câmara sem excluir a Segurança Pública do congelamento de direitos | Fotos: Comunicação Sinpol-DF

VALORIZAÇÃO

“Acreditamos que haveria valorização dos policiais, um olhar diferenciado, e o que temos visto é o contrário. Temos sido atacados, mesmo representando uma carreira que tem o maior índice de suicídios entre os profissionais no país e temos, hoje, a pior aposentadoria entre polícias do mundo”, afirmou Alex Galvão, presidente do Sinpol-DF.

“Chegamos hoje ao limite porque várias “granadas” já foram colocadas “no nosso bolso” e, se daqui para frente não tivermos uma mudança de postura, a nossa situação tende a piorar”, completou Galvão, em alusão a uma declaração do ministro Paulo Guedes.

O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), André Luiz Gutierrez, diz que se a PEC entrar em vigor com o texto atual haverá “um lockdown na Segurança Pública de todo o país”.

“Vamos reagir, pois estamos revoltados e indignados. Merecemos estar fora dessa PEC para servir o cidadão”, acrescentou Gutierrez.

Diretoria do sindicato acompanhou a coletiva de imprensa junto a dirigentes das demais entidades que integram a UPB

CONGELAMENTOS

Do jeito que está, a PEC Emergencial estipula um gatilho para congelamento de salário, promoções e progressões na carreira, além de proibir novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas e receitas correntes alcançar 95%.

No Senado, o texto ainda sofreu uma modificação após pressão das entidades de classe: o congelamento, inicialmente previsto para vigorar durante e até o encerramento do segundo ano do estado de calamidade (portanto, por até três anos), passará a durar somente até o fim da situação anormal.

Apesar disso, havia a expectativa de que na Câmara os profissionais da Segurança Pública seriam excluídos do texto por meio de emendas (uma delas, sugerida pelo Sinpol-DF, foi protocolada pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF)), mas todas foram rejeitadas.

 

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