Da Diretoria Executiva do Sinpol-DF
Na manhã deste sábado, 9, na Vila Planalto, região central de Brasília, um cachorro da raça pitbull atacou dois pedestres. O cachorro estava sem coleira, sem focinheira e mordeu o braço, pernas e pescoço de ambos.
Enquanto o animal dilacerava o corpo das vítimas, várias pessoas que estavam nas proximidades começaram a gritar por socorro. Um policial civil aposentado, que estava na localidade, saiu em defesa dos dois homens atacados.
Após várias tentativas de tirar o cachorro de cima de um deles, inclusive dando um tiro pro alto, não restou outra alternativa ao policial civil do que sacar sua arma e disparar contra o pitbull. Somente dessa forma a agressão cessou.
Como algumas pessoas haviam solicitado socorro ao número 190, viaturas da Polícia Militar do DF (PMDF) compareceram quando a situação já havia se encerrado.
Entretanto, nesse momento, tudo teve uma reviravolta revoltante. Os policiais militares passaram a tratar o herói daquela situação grave como um bandido, apesar de ele ter se identificado claramente como um policial civil.
Ao chegarem no local do fato, os PMs indagaram quem havia salvado os homens do cão feroz. O policial civil aposentado apresentou-se como tal. Bastou isso para que o comportamento dos policiais militares se modificasse.
Depois de terem solicitado a documentação, o policial civil informou que estava em seu carro e, tão logo ele se dirigiu ao veículo, os policiais militares lhe aplicaram uma gravata no pescoço sem que ele oferecesse qualquer tipo de conduta contrária a lei penal.
Tomaram-lhe a arma a força, colocaram-no numa viatura da PMDF e o conduziram à 5ª Delegacia de Polícia (DP). Isso tudo sob os olhares indignados e estupefados de todas as testemunhas.
Os homens foram socorridos a hospitais diferentes; o mais grave, no Hospital de Base. As testemunhas, indignadas, estão na 5ª DP para apoiar o herói do dia. Os policiais militares envolvidos no caso soltam risadinhas sarcásticas, enquanto aguardam o desenrolar dos fatos.
O dono do cachorro está sendo autuado em flagrante por omissão na guarda. O policial civil não será autuado, pois agiu em estado de necessidade para salvar a vida de terceiros. Ele não portava o registro da arma no momento do disparo por ter esquecido de verificá-lo na carteira enquanto as vítimas corriam risco de vida.
Agora, é só aguardar mais uma nota da Divisão de Comunicação da PMDF informando que eles salvaram mais duas vidas hoje. Mas não conseguiram chegar a tempo de salvar a vida do cachorro que, segundo as testemunhas, atacou um PM da mesma forma no ano passado.
A diretoria do Sinpol-DF entende que o delegado de plantão da 5ª DP, onde a situação foi apresentada, deveria ter autuado os policiais militares por Abuso de Autoridade, em função de suas condutas.
O sindicato acompanha o caso e solicitará à Corregedoria da PMDF que tome as providências cabíveis.
A entidade também comunicará o fato à Corregedoria da PCDF pedindo apuração da conduta do delegado de plantão da 5ª DP
O Sinpol-DF defende que os policiais militares sejam autuados em flagrante de abuso de autoridade.
Diretores do sindicato e advogados da entidade estiveram na delegacia acompanhando o policial civil herói.