Da Comunicação Sinpol-DF
A nova política de Segurança Pública do secretário Edval Novaes para o Distrito Federal é uma fórmula que já foi adotada em vários estados, em várias oportunidades, e nunca deu certo: agora, a Polícia Civil faz o trabalho da Polícia Militar, e vice-versa.
A chance de dar certo, avalia o Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), é nula.
A medida, que consiste em operações de integração entre as forças de segurança, mostra a preocupação do governo com o aumento dos índices de criminalidade, violência e da sensação de insegurança percebidos pela população de Brasília.
Diariamente, equipes de policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e agentes de trânsito têm sido escaladas para aumentar a presença do estado nas cidades do DF. A ordem é abordar suspeitos, checar antecedentes e aumentar a sensação de segurança.
“A Polícia Civil do DF (PCDF), contudo, enfrenta a maior crise de recursos humanos da história. Delegacias foram fechadas pela primeira vez na capital. Hoje, dezesseis delas não funcionam à noite e aos finais de semana. As que ficam abertas os plantões contam com um número muito aquém daquele determinado pelas normas. Os agentes de polícia não conseguem atender a nenhum chamado de crime que chega à delegacia”, pontua o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco.
Da mesma forma, as seções de investigação contam com número reduzido de agentes, o que gera atraso nas investigações e demora nas prisões. A consequência é o aumento da impunidade e da violência – uma vez que, impunes, os criminosos continuam agindo.
O problema tem obrigado, ainda, os agentes de polícia e escrivães a desenvolverem as atribuições dos delegados, como realizar oitivas e solicitar perícia.
A PCDF, hoje, conta com um efetivo de cerca 4.300 policiais – 300 deles trabalham em desvio de função, no Sistema Penitenciário do DF. O quadro ideal de servidores seria de 8.900 policiais civis na ativa.
Na Polícia Militar do DF (PMDF) também há falta de efetivo. Ainda assim, há notícia de que centenas de policiais militares trabalham sem uniforme, em viaturas descaracterizadas, tentando fazer o trabalho da PCDF, ou seja, a investigação.
Além disso, cerca de trezentos PMs guarnecem o batalhão do Buriti, a serviço do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Em cidades como o Guará, a PMDF já realiza uma atividade que era exclusiva da PCDF: o registro de ocorrências menos graves.
Não bastassem todos esses problemas, a Secretaria, agora, coloca os policiais civis para realizar o trabalho que é dos policiais militares: fazer o trabalho ostensivo e preventivo, realizar patrulhamento e rondas e abordagens a suspeitos, normalmente moradores de rua ou desempregados.
O secretário demonstra, dessa forma, contar com o oportunismo dos comandantes da PMDF, que querem continuar avançando nas atribuições da PCDF e resolver o problema de efetivo da PMDF.
Por outro lado, a prática conta com a conivência e abandono do diretor-geral da PCDF, Eric Seba, para com a instituição à qual comanda. Ao invés de se impor no sentido de que a PCDF cumpra seu papel constitucional, ele se dobra, mais uma vez, aos projetos de desmonte da instituição à qual diz pertencer.
“Mais uma vez, o GDF e a Secretaria de Segurança Pública dão provas que preferem adotar políticas equivocadas. Ao invés de investirem mais na área, valorizando os profissionais, contratando mais policiais e estimulando uma carreira que não conta nem com plano de saúde, preferem adotar fórmulas que nunca deram certo. Segue o cortejo”, frisa o presidente do Sinpol-DF.