Do R7

Após 24 horas de paralisação dos policiais civis do Distrito Federal, a entidade que representa a categoria divulgou um balanço do resultado dos braços cruzados para pressionar o governo, mais uma vez, por reajuste salarial. Com base na média diária do banco de dados da corporação, o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) estima que mais de 256 mil procedimentos diários tenham sido afetados apenas no primeiro dia do movimento, entre registros de ocorrências, investigações e até perícias. O serviço só deve ser normalizado no sábado (24).

Segundo a entidade, no primeiro dia do movimento, mil ocorrências deixaram de ser registradas em 51 Delegacias de Polícia da capital e pelo menos 250 mil ocorrências criminais também deixaram de ser investigadas no período de paralisação. Além disso, pelo menos 400 carteiras de identidade deixaram de ser emitidas nos Postos de Identificação e 50 laudos periciais deixaram de ser emitidos.

Cerca de 11 mil mandados de prisão em aberto e mais mil mandados de apreensão de adolescentes infratores estão para serem cumpridos, mas paralisados desde quarta-feira. “Todas as investigações, desde as que apuram crimes de menor potencial às que apuram crimes mais complexos, também estão paralisadas. São mais de 250 mil ocorrência em apuração apenas no último ano”, afirma o Sinpol.

Greve esvazia delegacias

A greve da Polícia Civil esvazia as delegacias desde ontem. Por mais dois dias, as unidades só registrarão ocorrências presencialmente em casos de flagrante e de crimes graves, como homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) e estupro. Mas, mesmo nessas circunstâncias, nenhum delito será investigado neste período. A medida é uma estratégia da categoria para pressionar o governo, mais uma vez, por reajuste salarial.

A paralisação de 72 horas foi decidida na terça-feira passada em assembleia convocada pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF). Enquanto durar a mobilização, os servidores orientam que a população registre ocorrência pela internet.

Segundo Rodrigo Franco, presidente do Sinpol, a adesão à paralisação é de 100%. Estão paradas 31 delegacias circunscricionais, 20 delegacias especializadas e todas as delegacias operacionais e administrativas. “O motivo da greve é a intransigência do Governo do Distrito Federal em avançar nas negociações e provocar uma solução para o problema do aumento de salário, que persiste durante todo o mandato do governador Rollemberg”, reclama. Os sindicalistas apontam ainda “o descaso do governo em relação à segurança pública” como outro fator responsável.

De acordo com o presidente do Sinpol, a classe teve perda de 50% do salário nos últimos oito anos, e enfatiza: “Todas as carreiras foram reestruturadas, exceto a dos policiais civis”.

Para o agente da PCDF Mendes, 51, a greve é pela reestruturação da categoria: “Outras carreiras da área federal foram reestruturadas e nós estamos sem receber absolutamente nada”. O servidor considera que há desvalorização do policial e falta de condições de trabalho e de efetivo, que em quantidade seria o mesmo dos anos 1980. “Não há concursos”, reclama.

Na próxima segunda-feira, está marcada uma nova assembleia com indicativo de greve por tempo indeterminado. A reunião acontecerá na Praça do Buriti, às 14h30.

BALANÇO

Serviços que não foram realizados:
– 100 interceptações telefônicas
– 200 perícias do Instituto Médico Legal e do Instituto de Criminalística
– 400 emissões de identidades
– 1.000 registros de ocorrências
– 1.000 cumprimentos de mandados de busca e apreensão de adolescentes
– 1.500 provas testemunhais
– 11.000 cumprimentos de mandados de prisão em aberto
– 250.000 investigações de crimes

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