Ronaldo Naves*
Perdi a conta de quantas camas arrumei e de quantos lençóis eu dobrei e guardei, levando-os de um lado para o outro nos plantões desta vida.
O chão, muitas vezes, é o estrado que sustenta o colchão que não raramente não é utilizado por força das contingências do trabalho. Muitas noites em claro, enfrentando situações adversas e de perigo iminente enquanto a população dorme e descansa.
A natureza de cada ofício nos obriga a tarefas diferentes, mas no final das contas o objetivo é dar uma resposta positiva a um problema que aflige a tranquilidade das pessoas.
Seja na saúde, na segurança ou no espírito, o papel do profissional é devolver a paz ao indivíduo e à sociedade. Por isso, as camas continuarão sendo montadas por profissionais que sequer deitarão nelas ou, caso se deitem, descansarão sem tirar suas roupas.
Ao dobrar meus lençóis, hoje, pela manhã, agradeci a Deus pela vida de cada um desses profissionais e também pela oportunidade que Ele nos dá de fazermos a diferença de um modo especial na vida de um estranho, mas que é pai, mãe, filho(a) ou irmão(ã) de alguém que os ama e se preocupa com eles.
As “Marias da Penha”, as crianças abusadas, as vítimas de estupro e todos aqueles que, de uma forma ou de outra, sofrem com as drogas e o aliciamento de seus filhos, saibam que continuaremos aqui, com a ajuda de Deus, revezando nossas noites com a vigília para que vocês durmam em paz!
“Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda”. Sl – 121:3
*Ronaldo Naves é agente policial de custódia da Polícia Civil do Distrito Federal