Do Correio Braziliense

Esta semana, assaltantes esfaquearam um motorista de ônibus durante tentativa de roubo na Expansão do Setor O, em Ceilândia

Os assaltos a coletivos no Distrito Federal assustam rodoviários e passageiros. A sensação de insegurança no transporte público virou rotina. Esta semana, assaltantes esfaquearam um motorista de ônibus durante tentativa de roubo na Expansão do Setor O, em Ceilândia. O condutor, Adissalon Libaino de Almeida, 34 anos, levou duas facadas — uma no peito e outra na perna esquerda. O crime aconteceu na última terça-feira e os autores ainda não foram localizados. Apenas nos primeiros quatro meses deste ano a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP) contabilizou 987 ocorrências de roubo em coletivos: média de mais de oito por dia. Os números são motivo de preocupação para quem depende do transporte público. Além do dinheiro do caixa, os próprios passageiros são os alvos preferidos dos ladrões.

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Os dados mostram aumento nos assaltos nos meses de fevereiro e março deste ano em comparação aos mesmos períodos de 2016 (veja o quadro). Em abril, foi registrado um caso a mais. Usuários do transporte adotam diferentes estratégias para evitar prejuízos. “Eu não saio de casa sem meu celular de ônibus. É um aparelho sem uso, que deixo mais visível para possíveis incidentes. O meu mesmo, coloco sempre escondido”, comenta a publicitária Darlene da Silva, 24, moradora de Ceilândia. A balconista Maria do Socorro dos Santos, 44, perdeu as contas de quantas vezes presenciou assaltos em ônibus. Um dos últimos aconteceu no trajeto de Brasília para Luziânia. “Dois caras que se passavam por passageiros anunciaram o assalto. Eles estavam armados e pediram para todo mundo levantar os celulares, dinheiro e joias. Foi tudo bem rápido, como de costume.”

A violência assusta também motoristas e cobradores. “Ficamos com medo o tempo todo. Não há garantia de voltar vivo para casa”, lamenta o condutor Daniel Batista, 38. O cobrador Antônio Santana, 42, lembra que esse tipo de violência gera não só prejuízos financeiros, mas também traumas psicológicos. “Na hora você não sente nada, fica sem reação. Mas, quando vai trabalhar no outro dia, está traumatizado. A gente se assusta com qualquer pessoa suspeita”, compartilha.

Prevenção

O subsecretário de Gestão da Informação da SSP, Marcelo Durante, avalia ser necessária uma ação conjunta de diversos órgãos para resolver o problema. “Em paradas de ônibus mais isoladas com mato alto ao redor e pouca iluminação, é indispensável que haja medidas além de policiamento”, exemplifica. Ele argumenta que o aumento do número de rondas ou de policiais nas ruas, por si só, pode gerar um deslocamento dos assaltantes e não oferecer uma solução efetiva da situação. “Para os criminosos mudarem de vida, é preciso haver oportunidades, perspectiva de um futuro decente”, acrescenta. De acordo com a pasta, desde setembro do ano passado, são elaborados planos integrados de segurança para oito áreas do Distrito Federal que concentram 65% dos crimes — Planaltina, São Sebastião, Plano Piloto, Estrutural, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e Santa Maria.

Para saber mais

Número de roubos em coletivos

2016 – 2017
» Janeiro 240 233
» Fevereiro 170 286
» Março 236 248
» Abril 219 220

Fonte: Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social
Confira algumas dicas para se prevenir durante seu trajeto

» Nunca leve muito dinheiro e separe antes o valor da passagem
» Mantenha mochila, bolsa ou sacolas à frente do corpo
» Não deixe a carteira no bolso de trás da calça
» Não fique distraído ao celular
» Fique atento ao que acontece à sua volta
» Em hipótese alguma reaja a um assalto

Fonte: campanha da SSP em parceria com a PMDF

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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