Marcada para deliberar principalmente sobre o déficit de efetivo e condições de trabalho precárias da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a Assembleia Geral Extraordinária realizada nesta quinta-feira, 21, em frente ao Palácio do Buriti, terminou com a decisão de paralisar algumas atividades por 24 horas na próxima terça-feira, 26, e dar início imediato à Operação Padrão.
A Operação Padrão prevê que as diligências sejam realizadas com o mínimo de três policiais nas viaturas. Também estabelece que as delegacias permaneçam sempre com, ao menos, três policiais no balcão e exige que o cumprimento de mandados de prisão seja feito com seis.
Tais recomendações se baseiam na doutrina operacional ensinada pela Academia de Polícia, mas têm sido negligenciadas em virtude da falta de pessoal nas delegacias. “Nós não podemos trabalhar mais no improviso, de forma amadorística. Caso contrário, a vida do policial, do preso e do cidadão é posta em risco”, ressaltou o presidente do Sinpol, Rodrigo Franco, o Gaúcho.
Com as deliberações da assembleia, durante o dia 26, as Centrais de Flagrantes (Ceflag) só vão registrar flagrantes. Nas demais unidades, serão registradas apenas as ocorrências criminais e as investigações também ficarão paralisadas por 24 horas.
MOBILIZAÇÃO
Segundo Renato Rincon, vice-presidente do Sinpol, diante de um cenário de abandono por parte da administração pública, atitudes como essas acabam se tornando necessárias. “Nós faremos uma mobilização consistente e gradativa, uma vez que todo o tempo já foi concedido ao governo, que tem nos tratado com desrespeito ao ignorar nossas reivindicações básicas”, anunciou.
Além da adoção da Operação Padrão e da paralisação do dia 26, os cerca de 800 policiais civis que compareceram à assembleia decidiram pela suspensão imediata do Grupo de Trabalho (GT) montado para discutir as atribuições da carreira da PCDF. O GT ficará suspenso até que sua composição se torne paritária e que a presidência seja exercida por um membro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do Governo do Distrito Federal (GDF).
Todos os parlamentares e senadores da bancada do DF foram chamados para a assembleia através de ofício enviado pelo sindicato. Compareceram o deputado distrital Dr. Michel (PP) e os deputados federais Rôney Nemer (PMDB-DF), Laerte Bessa (PSC-DF) e Alberto Fraga (DEM-DF).
DESCASO COM A SEGURANÇA PÚBLICA
Rôney Nemer chamou a atenção para os reais prejudicados pelo déficit de efetivo, além dos próprios policiais. “Quem mais precisa da nomeação dos concursados não são os concursados, mas a sociedade do Distrito Federal que clama por segurança”, esclareceu.
Relator do Projeto de Lei 8078/14, o PL do nível superior, nas comissões de Segurança e Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Laerte Bessa lembrou que o descaso com a Segurança Pública se mantém ao longo das administrações do DF.
“Fico feliz de ver que a Polícia Civil está unida. Inclusive no Congresso, nas audiências públicas e votações. Isso precisa continuar sendo feito agora que nós estamos na UTI e não aguentamos mais o que os governos têm feito com a categoria”, disse o deputado.
Assim como vários representantes classistas, o presidente da Associação dos Agentes Policiais de Custódia (AAPC), Alexandre Morais, também falou à categoria endossando uma postura mais enérgica. “Infelizmente quem deveria zelar pelo cumprimento das leis não o está fazendo. Vamos bater neles, e pesado”, declarou.
À BEIRA DE UM APAGÃO
Instituição que já foi exemplo em todo o país, hoje a Polícia Civil do DF amarga uma grave crise. A categoria está sobrecarregada e trabalha sob condições precárias, uma vez que o déficit de pessoal chega a 47% do quadro da corporação, e tende aumentar com as aposentadorias já previstas para este ano. Os 475 aprovados no último concurso esperam há um ano pela nomeação e as delegacias funcionam no limite.
Dessa forma, sem um direcionamento ou cronograma de nomeações por parte do GDF, a paralisação pode ser prolongada gradativamente. “Esse é um movimento que começa a partir de hoje, e que, caso não encontre eco do governo, pode ser estendido, inclusive, por tempo indeterminado. Não descartamos nenhuma possibilidade, inclusive de greve”, afirmou Gaúcho.
Os próximos passos serão deliberados em assembleia marcada para o dia 1º de junho, também em frente ao Palácio do Buriti.
Porque não entrou o que falou o DEP FRAGA?? Que irá chamar o GDF para explicar para onde está indo os recursos do FC.