Cerca de mil profissionais de segurança pública, divididos entre policias civis, militares, federais, rodoviários federais, bombeiros, agentes penitenciários e sócioeducativos saíram em passeata pela Esplanada dos Ministérios na tarde da última quarta, 25. A “Caminhada Pela Paz” foi realizada em protesto ao assassinato dos colegas.
O ato teve como ponto alto a homenagem aos 582 policiais mortos nos últimos dois anos, representados por cruzes brancas fincadas no gramado em frente ao Congresso Nacional. Ao chegarem lá, os participantes da passeata fizeram um círculo e entoaram uma oração seguida pelo Hino Nacional.
A intenção da homenagem é alertar autoridades e a sociedade para o alto número de assassinatos de policiais que vem acontecendo no país e pressionar os congressistas para aprovar os projetos de lei que preveem penas mais severas aos crimes cometidos contra os policiais.
Os números são alarmantes: apenas em 2013, 490 profissionais de segurança pública foram mortos em serviço ou durante folgas. Nos Estados Unidos, durante o mesmo período, esse número foi de 112 – o que também é considerado alto. “A intenção é endurecer a pena, principalmente, para os homicídios cometidos contra policiais, mas, também, de todos os crimes, como lesão corporal, desobediência e resistência. É preciso que o caráter de autoridade do Estado seja recuperado”, defende o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), Rodrigo Franco, o Gaúcho.
Entre os policiais presentes, estava Ricardo Viana de Castro, irmão do policial civil Flávio Viana de Castro, morto em dezembro do ano passado. Ele comentou sobre a necessidade de as categorias de policiais se juntarem na causa. “Espero que a morte do meu irmão não tenha sido em vão e que as polícias continuem se unindo, porque só assim podemos conseguir justiça”, disse.
O grupo saiu do Museu Nacional e caminhou até a Ala das Bandeiras, onde se concentrou. No trajeto, três faixas do Eixo Monumental foram ocupadas pela passeata.
Frente Parlamentar
Enquanto ocorria a homenagem em frente ao Congresso, um grupo de representantes das entidades de segurança pública esteve em reunião com cerca de 20 deputados da Frente Parlamentar de Segurança Pública e com o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, que recebeu um documento pedindo o embrutecimento das penas para os assassinatos cometidos contra profissionais de segurança pública, em serviço ou não.
Cunha se comprometeu a dar andamento aos projetos que tipificam como hediondos os crimes praticados contra agentes de segurança, e mostrou-se disposto a analisar as sugestões de acréscimo aos textos de outros projetos já existentes e que preveem essa tipificação do crime, mas que ainda não englobam todas as categorias de profissionais da segurança pública.
Após a reunião, os deputados juntaram-se ao grupo da passeata. Eles discursaram a favor da aprovação dessas leis. Participaram os deputados Laudívio Carvalho (PMDB-MG), João Campos (PSDB-GO), Keiko Ota (PSB-SP), Alberto Fraga (DEM-DF), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ), Subtenente Gonzaga (PDT-MG) e Joel da Arpa (PROS-PE).
A diretoria do Sinpol-DF, por meio do presidente Rodrigo Franco, o Gaúcho, e do primeiro vice-presidente, Renato Rincon, participou desse encontro. Rincon destacou a importância dos projetos de lei que tenham um tom o mais homogêneo possível. “Queremos englobar todas as carreiras e todos os agentes, inclusive a magistratura e os membros do Ministério Público”, afirmou.
Para o presidente do Sinpol-DF, um cenário favorável para as forças de segurança pública parece estar se construindo. “O momento é propício para avançarmos, pois há um consenso de que é preciso dar uma resposta à questão dos assassinatos cometidos contra os profissionais da segurança”, afirma. Segundo Gaúcho, foi perceptível o comprometimento dos profissionais de segurança presentes tanto na reunião com os parlamentares quanto durante o ato na Esplanada