Do Metrópoles

A vendedora Noélia Rodrigues de Oliveira, 38 anos, encontrada morta na última sexta-feira (18/10/2019) no Assentamento 26 de Setembro, em Vicente Pires, foi assassinada com um tiro à queima-roupa que atingiu seu rosto. Essa é uma das características identificadas por peritos do Instituto de Criminalística (IC) que analisaram o local onde o crime ocorreu. O caso permanece sob investigação da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires).

O Metrópoles teve acesso a informações que fazem parte do laudo preliminar sobre o feminicídio. De acordo com o trabalho da perícia, o disparo feito próximo ao rosto de Noélia indica que ela poderia estar dentro de um veículo, supostamente usado pelo autor do crime, mas não há conclusão sobre essa hipótese. O que se sabe é que um carro passou próximo ao local do crime após seu cometimento, uma vez que foram encontradas marcas de pneus perto do corpo dela.

Nenhum dos carros periciados até o momento possui as mesmas características do veículo supostamente usado pelo autor do crime. Outro detalhe identificado pela perícia é que alguns objetos da vendedora foram levados após o homicídio.

Noélia foi vista pela última vez com vida na saída de um shopping na Asa Norte, local onde trabalhava, por volta das 22h da última quinta-feira (17/10/2019). Nas imagens, é possível observar a vítima ao celular.

À polícia, o marido dela contou que falou com a mulher por telefone, dizendo que a buscaria no ponto de ônibus, como era rotina do casal. Dessa vez, porém, Noélia não desceu do ônibus, o que levou Marcos Paulo Mendes Santana, 42 a iniciar uma campanha de “procura-se” na internet, além de acionar a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

O corpo da mulher foi encontrado no dia seguinte ao desaparecimento. O enterro foi realizado nesse domingo (20/10/2019). Noélia tinha três filhos: dois meninos, de 16 e 5 anos, e uma garota, de 9.

Noélia era a caçula de 14 irmãos. Um deles, Odemar Oliveira Guedes, 42, veio do Tocantins para o enterro. “Meus pais moram no Ceará e não puderam vir pela idade. Só Deus sabe o que estão passando. Queremos que as autoridades tomem providências. Minha irmã era muito trabalhadora”, falou. “Só Deus sabe o que estamos sentindo. Espero que a justiça seja feita, a de Deus e a do homem.”

Violência doméstica

A vítima já havia registrado duas ocorrências de violência doméstica contra o atual marido – com quem tem dois filhos –, em 2010, e contra o ex-companheiro pai de seu primogênito, em 2007. As denúncias não prosperaram nem chegaram à Justiça. Não há, porém, informação sobre se a vítima retirou as queixas ou se os inquéritos foram arquivados.

Segundo a delegada-chefe da 38ª DP, Adriana Romana, Marcos Paulo “não é tratado como suspeito”. No final de semana, o advogado dele, Geraldo Madureira, disse a jornalistas que o cliente era tratado pela PCDF como suspeito.

Nessa segunda (21/10/2019), ele se explicou: “A delegada começou a investigação por essa linha, porque ele era marido. Então, foi tido como suspeito. Nas ocorrências policiais, ele não era tratado assim. Mas, pelas atitudes tomadas pela Polícia Civil, como, por exemplo, mantê-lo desde 16h até as 22h na delegacia, ele era suspeito”, disse.

Agora, Marcos Paulo está “aliviado”, de acordo com o defensor. “Sempre falamos que ele era inocente. Nós oferecemos para investigação tudo que podíamos para provar que ele não tem nada a ver com com essa barbaridade que ocorreu”, justificou. “Está torcendo para que, agora, o criminoso seja identificado e preso”, complementou.

 

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