Do Metrópoles

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou nesta quinta-feira (31/10/2019), com o apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a Operação Apate. Estão sendo cumpridos 19 mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão. Os alvos são suspeitos de integrar uma organização criminosa suspeita de causar prejuízo milionário Companhia Energética de Brasília (CEB) e também à Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb).

Segundo as investigações, há indícios de que o grupo criminoso atua em diversas frentes, entre elas, na cobrança de propina para a religação do fornecimento de energia para os devedores; troca de titularidade das contas da CEB e da Caesb, além do cancelamento de dívidas, mediante pagamento de suborno.

As apurações tiveram início seis meses após a análise do material coletado no aparelho celular de um dos presos na Operação Horus, na qual foram presos grileiros e policiais militares envolvidos no parcelamento irregular de terras públicas no Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia.

Os alvos da operação deflagrada nesta quinta-feira (31/10/2019) são servidores e ex-funcionários da CEB, além de particulares. Entre os locais onde estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, estão a sede da companhia energética e endereços de Águas Lindas e Novo Gama, ambos municípios goianos do Entorno do Distrito Federal.

De acordo com a PCDF, o grupo composto por pelo menos seis núcleos criminosos faturava também prestando serviços particulares a um valor mais baixo, apesar de formalmente executados pela CEB, e adulterando medidores de energia elétrica para cobrança de valores menores e fornecendo luz a áreas com obras embargadas, graças ao pagamento de propina.

Além disso, os acusados transferiam a titularidade do ponto de energia sem o necessário pagamento de dívida acumulada pelo cliente. O fornecimento, neste caso, era repassado ao nome de um terceiro. A conduta, segundo os investigadores, teria favorecido empresas de grande porte do Distrito Federal, o que explica, ao menos em parte, o inadimplemento de mais de R$ 600 milhões de devedores da empresa. O nome da operação vem da deusa grega Apate, que representa a fraude.

Mais de 200 policiais estão nas ruas. A operação objetiva reprimir a atuação da organização e coletar mais provas dos crimes, bem como aprofundar a investigação no sentido de alcançar outros envolvidos. Os alvos podem responder por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública.

Na ação, a Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor) conta com o apoio da Divisão de Operações Aéreas (DOA), da Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DCPI) e do Instituto de Criminalística do Distrito Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (Gaeco). A Polícia não vai divulgar os nomes dos suspeitos, pelo fato de se tratar de prisões temporárias.

Em crise financeira e com rombo bilionário nas contas, a CEB e a Caesb estão na lista de privatização do GDF. Enquanto os editais não são publicados, as estatais se viram para tentar cobrir parte do rombo milionário. Em setembro, por exemplo, a Companhia Energética de Brasília iniciou licitação para a venda de terrenos da empresa localizados no Lago Sul, Guará I, Riacho Fundo I, Cruzeiro Velho e na Asa Norte. Juntos, os imóveis estão avaliados em R$ 16,7 milhões.

Nota da CEB

Em nota, a CEB informou que está apoiando a operação para que sejam coibidas fraudes e outras práticas contra os interesses da companhia. “É público que há consumidores que têm se utilizado de ligações clandestinas para promover furto de energia, como também houve recentemente uma operação policial para coibir a fraude em medidor praticada por uma empresa”, destacou a estatal.

Além disso, informou que a administração da CEB presta todo o apoio necessário às autoridades policiais na investigação. “A medida vai ao encontro da firme atuação da atual gestão na redução da inadimplência e no combate às perdas, seja por furto ou por fraude, que prejudicam tanto a empresa quanto o consumidor honesto e bom pagador”, assinalou.

 

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